É a noite mais aguardada para gastrónomos e chefs de alta gastronomia, e este ano foi celebrada em Portugal. Com algumas surpresas e outras desilusões, compôs-se a constelação que em 2019 vai fazer os amantes viajar e os chefs tentarem superar-se.
Henrique Sá Pessoa foi a figura em destaque em Portugal, ao conseguir uma segunda estrela para o seu Alma, que tem conquistado o Chiado com uma cozinha simples, saborosa e tecnicamente irrepreensível. O anúncio foi feito esta noite, no Pavilhão Carlos Lopes, que recebeu pela primeira vez em Portugal a gala ibérica do Guia Michelin 2019, pouco tempo depois de o chef ter apresentado a nova carta, em outubro passado.
O Midori, comandando pelo chef Pedro Almeida dentro do Penha Longa Resort recebeu, sem grandes surpresas, a sua primeira estrela Michelin, uma distinção que já há muito era esperada. Torna-se, assim, no primeiro restaurante com inspiração asiática do País a fazer parte desta distinta constelação, e para alguns especialistas, já não era sem tempo. O Penha Longa agrega assim duas estrelas, uma vez que o LAB, de Sérgio Arola, mantém a estrela conquistada no ano passado. Quem também teve direito a uma estrela foi A Cozinha, de António Loureiro, uma das apostas dos especialistas, a par com o G Pousada, sob direção de Óscar Geadas.
A grande desilusão da noite foi a não ascensão de qualquer restaurante nacional ao ‘olimpo’ da gastronomia: nem o Ocean, nem o Belcanto, os mais bem colocados na corrida, conseguiram trazer para o País uma terceira estrela – um facto que se torna mais marcante quando olhamos para a vizinha Espanha, onde há já 12 restaurantes a garantir esta distinção.
No entanto, há motivos para sorrir: nenhum restaurante nacional perdeu a preferência dos inspetores do guia este ano, o que significa que há agora seis casas com duas estrelas Michelin. Outra das grandes surpresas (ou não) da noite, foi a descentralização: das quatro estrelas atribuídas a Portugal, três fugiram para fora de Lisboa. Aliás, a confirmar a tendência. É que dos seis restaurantes com duas estrelas Michelin em Portugal, apenas dois são na capital: o Belcanto e agora o Alma.
Houve ainda a inclusão de dois novos restaurantes nacionais na categoria Bib Gourmand, que os inspetores consideram ter a melhor relação qualidade-preço – a Tasca do Zé Tuga, em Bragança, e o Avenida, em Lagos. Outros sete passaram a integrar a lista dos ‘Prato Michelin’, que signfica que têm uma “cozinha de qualidade”.
Não se pode dizer que tenha sido uma noite de ‘chuva de estrelas’, como aconteceu em 2016, onde parecia que todos os olhos se tinham virado para a cozinha nacional (nesse ano vieram 9 estrelas para restaurantes portugueses); esta edição parece ter sido de ‘manutenção’ e de confirmação de que está a ser feito um trabalho bastante positivo no País. No ano passado, Portugal recebeu duas estrelas e manteve as restantes.
Em Espanha, surgiram 26 novos astros, com o Daní Garcia, em Marbella, a juntar-se ao grupo de 12 magníficos que têm a mais alta distinção do guia gastronómico.
RESTAURANTES COM ESTRELAS MICHELIN EM PORTUGAL, EM 2019:
2 estrelas
Belcanto José Avillez, Lisboa
Il Gallo d’Oro Benoît Sinthon, Funchal
Ocean Hans Neuner, Porches
The Yeatman Ricardo Costa, Vila Nova de Gaia
Vila Joya Dieter Koschina, Albufeira
Alma Henrique Sá Pessoa, Lisboa | NOVO
1 estrela
A Cozinha, António Loureiro, Guimarães | NOVO
Antiqvvm, Vítor Matos, Porto
Bon Bon, Louis Anjos, Carvoeiro
Casa de Chá da Boa Nova, Rui Paula, Leça da Palmeira
Eleven, Joachim Koerper, Lisboa
Feitoria, João Rodrigues, Lisboa
Fortaleza do Guincho, Cascais
G Pousada, Óscar Geadas, Bragança | NOVO
Gusto by Heinz Beck Heinz Beck, Almancil
Henrique Leis, Henrique Leis, Almancil
L’And Vineyards, Miguel Laffan, Momtemor-o-Novo
Lab by Sergi Arola, Sergi Arola, Sintra
Largo do Paço, Tiago Bonito, Amarante
Loco, Alexandre Silva, Lisboa
Midori, Pedro Almeida, Sintra | NOVO
Pedro Lemos, Pedro Lemos, Porto
São Gabriel, Leonel Pereira, Almancil
Vista, João Oliveira, Portimão
William, Joachim Koerper e Luís Pestana, Funchal
Willie’s, Willie Wurger, Quarteira