Dá-se um pontapé numa pedra e salta um juiz Neto de Moura. Há assuntos jornalísticos que estão debaixo dos nossos olhos e não os vemos. Em pleno clamor nacional contra os considerandos polémicos incluídos nos acórdãos do famoso juiz do Porto, nomeadamente “o estranho caso da mulher adúltera” e o “pulseira eletrónicagate”, eis que já se proclamava que o seu caso é uma exceção, e que aquele tipo de acórdãos não representa a regra, na nossa magistratura. Perante isto, coçámos a cabeça e dissemos: “Hum…” Pois. Afinal, não é bem assim. Uma semana de intensa pesquisa dos jornalistas Sílvia Caneco e Pedro Raínho foi o suficiente para que se descobrissem dezenas de casos similares, de acórdãos retrógrados, preconceituosos, insultuosos da inteligência ou simplesmente contrários ao mais básico senso comum, que proliferam alegre e impunemente por essas barras dos tribunais fora, em todo o País. Caso para se pensar que o 25 de Abril nunca chegou à Justiça… Do caso da criança de 7 anos penetrada no ânus por ter “facilitado”, ao pedir boleia de bicicleta ao violador, à pena atenuada pelo facto de outro violador ter tido a consciência de usar preservativo, há de tudo. Leia, leia mesmo, e verá que, se não fosse caso para chorar, seria de rir à gargalhada… Esta investigação, obviamente, faz a capa da VISÃO desta semana. Aliás, numa solução gráfica em boa hora inspirada nos cartazes do filme de Spike Jonze, Queres ser John Malkovich? – mas com o rosto do célebre ator substituído pelo do não menos célebre juiz.
Foi você que pediu um crédito?
Se calhar foi. Ou dois. Ou três. Ou quatro. Ou cinco. Tantos quantos os cartões que muitos portugueses usam no dia a dia, sem pensar, lá está, no dia de amanhã. O mesmo comportamento que nos levou à penúria, potenciada pela crise económica dos tempos da Troika, está a ser repetido de forma alarmante. Numa viagem aos bastidores do “viver a crédito”, a Margarida Vaqueiro Lopes explica – e alerta – como as famílias se endividam inconscientemente com o aumento exponencial do crédito ao consumo e dos empréstimos a particulares. Vale a pena ler e ficar de pé atrás. E, talvez, adiar aquela viagem de sonho, para não fazer parte da preocupante percentagem de portugueses que já pedem ajuda à DECO, perante taxas de esforço que representam cerca de 80% dos seus rendimentos.
Foi você que pediu uma cataplana?
Já cheira! O “chefe” António Costa misturou Bloco e PCP, peixes e coentros, Verdes e PS, batatas e cebolas e fez uma geringonça… quero dizer, uma cataplana de se lhe tirar o chapéu, no programa de Cristina Ferreira, na SIC. A exposição da família e a concessão a este tipo de registo mediático de entretenimento de um chefe de Governo tem sido replicado, ao longo dos últimos anos, por outros políticos, um pouco por todo o mundo. Da performance de Bill Clinton, a tocar saxofone no Arsenio Hall Show, à de Rui Rio, a fazer um solo de bateria no nosso 5 Para a Meia-Noite, há de tudo. O Octávio Lousada Oliveira e este vosso amigo, uma vez consultados marketeers, apresentadores de televisão, humoristas e políticos, tentam explicar por que razão estas coisas acontecem… E recordam histórias curiosas e exemplos em que os políticos fazem gracinhas na TV. Ou, citando os pinguins dos filmes Madagáscar, passam no ecrã a sorrir e a acenar…
Foi você que pediu uma gargalhada?
Jimmy Carr. Conhece? Claro que sim. O humorista britânico prepara-se para vir a Portugal, na nova digressão pelo mundo (e até fala, nesta bela conversa com a Sílvia Souto Cunha, na entrevista que dará a Ricardo Araújo Pereira, ameaçando inverter os papéis e ser ele a entrevistar o nosso responsável pela página mais lida da VISÃO…). Eu já li a entrevista. E o leitor pode lê-la já nesta quinta-feira: afinal, também é filho de Deus. Já agora, pergunta Jimmy Carr, “se todos somos filhos de Deus, porque é que Jesus é especial?”. Sem ofensa. O humor é mesmo assim.
Já agora, por falar em entrevistas, não perca a de George Clooney, num exclusivo daThe Interview People, em que o ator explica como foi desviado do jornalismo televisivo para os ecrãs do cinema…
Finalmente, é de destacar a que a Luísa Oliveira conduziu com o “chefe” Henrique Sá Pessoa. Muito surpreendente!
Foi você que pediu um email suspeito?
Então, vale a pena conhecer, tintim por tintim, que terramotos, afinal, provocaram as fugas de informação promovidas pelo pirata informático Rui Pinto. E se pensava que tudo se resume aos emails do Benfica, desengane-se. O português já deu mais dores de cabeça às instituições e às grandes figuras que dominam o futebol europeu do que o nosso paroquial futebolzinho pode entender. Como explica muito bem o jornalista J. Plácido Júnior num texto de exemplar clareza…
Guia para apaixonados por plantas
Na VISÃO Se7e, fomos à procura das melhores lojas de plantas para a casa. Como a AzoresBotanic, que traz o verde dos Açores para a cidade – tem palmeiras, fetos arbóreos, filodendros e costelas-de-adão que nascem em solo vulcânico, ao sabor do vento do Atlântico e alimentadas pela água das chuvas.
“A Nossa Prima” e o nosso prémio
A nova revista trimestral do grupo Trust In News, PRIMA, cujo terceiro número chegou recentemente às bancas, recebeu o prémio de Design Meios & Publicidade na categoria de projeto gráfico das revistas. O projeto laureado é assinado pela equipa dos Silvadesigners, e prima por ser elegante, minimal, magnético e focado – um objeto pensado e desenhado para guardar. Saiba mais aqui.
Mas há mais surpresas: está de volta a VISÃO Braille, um projeto de responsabilidade social que visa dar acesso à informação para os invisuais. Com uma tiragem de 1 100 exemplares, a VISÃO Braille será publicada mensalmente e distribuída gratuitamente, em várias instituições e bibliotecas nacionais.
Opinião de marca
No seu editorial, o nosso diretor-executivo, Rui Tavares Guedes, pergunta: “Quem quer casar com a Europa?”
Já José Eduardo Martins debruça-se sobre os juízes Neto de Moura e… Ivo Rosa, para concluir que, em Portugal, “quando há moralidade não comem todos.”
Pedro Norton interroga-se sobre porque é que a direita nada tem a dizer sobre o assunto que mais condicionará o nosso futuro coletivo: o do clima.
Miguel Araújo fala-nos de música como ninguém, contando histórias a propósito dos Beatles, de David Susskind e dos saltos no tempo, promovidos pelas legiões de rapazes e raparigas de 14 anos.
E Ricardo Araújo Pereira reflete sobre o seriíssimo assunto da praga de javalis que assola algumas regiões de Portugal, concluindo que, ou acabarão “no prato, com batatas fritas, ou num programa de televisão de domingo à noite, a escolher uma noiva.”
Faça as suas escolhas… E que a leitura desta grande edição da VISÃO faça parte delas! Boas leituras, boa semana e até breve!