Dados, dados e mais dados. Os dados com que as empresas jogam as nossas vidas, os dados que damos… e nem damos conta. Os que alimentam escândalos e põem em causa as fronteiras da privacidade e os que nos podem pôr dentro de alguns anos num carro que nos conduza de forma segura de um ponto ao outro do mundo ou ajudar-nos a prevenir e curar doenças.
No segundo dia de Web Summit – e o primeiro de trabalhos – os dados e a utilização que deles podem fazer forças menos bem intencionadas estiveram no centro do debate, sobretudo ao longo da tarde de terça-feira. No palco principal do Altice Arena, o denunciante do caso Cambridge Analytica trouxe de novo à luz pública o caso de partilha não autorizada de dados de milhões de utilizadores do Facebook, e questionou a forma como as grandes corporações tratam informação sensível relativa a cada um.
Christopher Wylie pediu mais regulação e códigos de conduta a quem mexe no código e nos algoritmos para que, num futuro não muito longínquo, não estejamos a lamentar a presença cada vez mais intensa da inteligência artificial nas nossas vidas.
Young Sohn, o presidente da Samsung Electronics, também reconhece a existência de desafios éticos na gestão da informação pessoal, mas garantiu que com a empresa sul-coreana os dados estão seguros e são dos utilizadores. Mas admite que são como um “novo petróleo” que está e vai continuar a alimentar a revolução tecnológica e o desenvolvimento da inteligência artificial numa viagem que não será fácil e onde todos terão a sua quota-parte de responsabilidades.
Deste segundo dia, fica ainda a notícia de que a Volkswagen vai abrir um centro tecnológico em Lisboa dedicado ao desenvolvimento de software e que deverá brevemente passar de 25 para 300 profissionais, como disse à Exame Informática o CIO Martin Hofmann. O setor automóvel – nomeadamente os desafios da condução autónoma – também marcaram a discussão ao longo do dia num dos vários palcos da Web Summit.
Quem voltou a passar pela Web Summit foi o primeiro-ministro. De visita a stands de startups portuguesas, António Costa misturou-se com os milhares de visitantes que “invadiram” os pavilhões da FIL, no Parque das Nações, e considerou que este evento é uma “montra” para a internacionalização das empresas nacionais e para a atração de investimento estrangeiro, além de fonte de ideias para inovar no Estado. E esteve imerso na realidade virtual, como pode ver na nossa fotogaleria.
A agenda de amanhã da Web Summit promete ser forte, com os robots Sophia e Han envolvidos numa discussão sobre quanto tempo falta para que sejam máquinas como eles a mandar no mundo. As redes sociais têm duas presenças de peso, com os CEO do Tinder e do Pinterest, além do administrador responsável pela área de produto da Netflix. O antigo campeão de xadrez Garry Kasparov vai analisar o processo de decisão através da inteligência artificial. Destaque ainda para a intervenção da comissária europeia da concorrência, Margrethe Vestager, numa altura em que Bruxelas aperta a malha às multinacionais tecnológicas que operam no Velho Continente.
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