Esta Igreja abusadora de crianças e jovens merece arder no Inferno. O relatório da Comissão Independente é devastador. É certo que foi a Conferência Episcopal a pedir essa investigação, mas nada disso atenua a ocultação propositada da hierarquia da nossa Igreja, que durante décadas, séculos, manteve um padrão de omissão propositada destes crimes inqualificáveis.
Hoje a Igreja pediu desculpas aos ofendidos. Não chega. Quem pede sincero perdão aos abusados são todos os fiéis católicos, em primeiro lugar. E exigem à Igreja institucional e temporal que vá mais longe, muito mais, para se reconciliar com o seu povo, e com os mandamentos sagrados. Sendo arrasador, este documento sobre os abusos praticados contra rapazes e raparigas obriga a uma mudança imediata no topo da nossa Igreja. Em toda a hierarquia. De cima a baixo.
A Igreja revelada no relatório da Comissão Independente – que merece o maior respeito pela profundidade e seriedade do seu trabalho – tem de ser castigada, responsabilizada, e nunca perdoada. Destruiu vidas de crianças e jovens, que jamais poderão ser reparadas. E até por isso, ou só por isso, não deveria existir prescrição destes crimes hediondos.
O Cardeal Patriarca tem de abdicar, agora. O seu nome já não deveria ser invocado nas missas. O Papa não pode adiar. A Igreja Católica portuguesa tem de refazer-se, de renovar-se e de credibilizar-se. Tem de voltar ao princípio de todas as coisas. Tem de ser santa e humilde, protetora e acolhedora. Nada disso se viu nestas 500 páginas vergonhosas.
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