Alexandra Reis durou um fósforo assim que foram conhecidas as explicações da TAP. Saiu a pedido do ministro, que é o mesmo que dizer que foi demitida. A queda da secretária de Estado do Tesouro era inevitável. A indignação era generalizada, o Presidente não sossegava, e o primeiro-ministro deu o empurrão final.
Poderia ser de outra forma? Claro que sim, nenhuma dúvida. Bastaria, quando convidada, ter informado o ministro das circunstâncias em que saiu da TAP. Eventualmente até tomou isso como um desfecho que não lhe agradou, porque não recebeu o que pedia, e deu o assunto como encerrado. Erro crasso.
Cada vez mais, como disse o PR, existe um escrutínio político, mediático e popular que tem de ser levado a sério. Os futuros potenciais membros de um Governo, tal como todos os outros políticos que decidem a vida coletiva, estão «obrigados» a rever as suas carreiras profissionais e políticas, e em alguns casos até decisões pessoais, para evitar arrependimentos.
É complicado, intrusivo, e irritante, mas quem assume esses cargos sabe ao que vai. O que falta, na verdade, é uma verificação antecipada e preventiva de todas as situações que possam redundar num sarilho mal explicado.
É o que se faz em diversos países, sendo o caso mais emblemático o dos EUA, em que se aproveita o período entre as eleições e a tomada de posse para verificar e escrutinar todos os passos e percursos de futuros, mas não indigitados, membros para o executivo americano, ou qualquer outra função pública de relevo.
É um processo confidencial e secreto, mas passando esse crivo, e sendo indigitado, o candidato ainda enfrenta o penoso interrogatório de uma comissão do Senado. O caso americano é um exagero, mas um «check-up» básico não dói nada, e previne muitos dramas.
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