Ainda há, provavelmente, quem se lembre do táxi do sr. Macedo, que no final dos anos 80 continuava a assentar praça no Rossio lisboeta. O lindíssimo Oldsmobile XT 303 que andava por ali desde 1928 pode agora ser visto num dos núcleos da exposição Os Loucos Anos 20 em Lisboa. “O automóvel simbolizava a velocidade, o ritmo frenético em que as cidades quiseram passar a viver a partir da década de 20 do século passado, ritmo frenético que se traduzia na dança”, explica Cecília Vaz, investigadora do ISCTE e comissária da mostra, juntamente com Paulo Almeida Fernandes e Mário Nascimento, investigadores do Museu de Lisboa.
São mais de 200 peças, entre fotografias, cartazes, pinturas, vídeos, peças de vestuário e objetos reunidos para mostrar como Lisboa acolheu as vanguardas que marcaram essa década frenética – vanguardas essas depois travadas pelo golpe de 28 de maio de 1926, que impôs a ditadura militar e abriu caminho ao Estado Novo. “Os anos 20 foram uma janela de liberdade e de experimentação”, comenta Mário Nascimento.
Com os olhos postos sobretudo nos lazeres, a exposição está dividida em seis núcleos. O maior é o dedicado à vida moderna e ao impacto das manifestações de modernidade: os eletrodomésticos elétricos (lá está um frigorífico), o desporto como um grande espetáculo (que se torna um fenómeno de massas), o veraneio (e o turismo), a nova imagem da mulher (refletindo uma nova identidade feminina), a transgressão moral, sexual e legal (os nus artísticos, a cocaína, os casinos).
O visitante passa depois para O Triunfo do Moderno, que evoca alguns dos locais emblemáticos da cidade na época: o Palácio Fiat, na Avenida da Liberdade, decorado por Continelli Telmo; os clubs noturnos Bristol e Maxim’s; os cinemas; e o Parque Mayer, inaugurado em 1922, que, nas palavras de Mário Nascimento, era “uma espécie de cidade do divertimento dentro da cidade, muito heterogénea, onde tanto ia o aristocrata como o homem do povo”.
A exposição não esquece os mais novos: ao nível dos olhos de uma criança, e contextualizados numa linguagem simples, são expostos outros objetos – se os adultos têm um gramofone para ver, as crianças têm um gramofone de brinquedo.
Paralelamente à exposição, foi desenhado um programa de atividades grátis, entre sessões de cinema, workshops de dança, visitas comentadas pelos comissários, ateliers para famílias e percursos guiados pela cidade (programa disponível aqui)
Os Loucos Anos 20 em Lisboa > Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, Pavilhão Preto > Campo Grande, 245 > T. 21 751 3200 > até 11 dez, ter-dom 10h-18h (última entrada 17h30) > €3