O mais antigo festival de cinema ambiental chega à 27ª edição com um número recorde de documentários em exibição (93, no total), oriundos de 20 países com Portugal (39 filmes), França e Espanha à cabeça. O CineEco mostra “o melhor da produção internacional”, diz Mário Branquinho, um dos membros da organização do festival, da responsabilidade da Câmara Municipal de Seia, que acontece de 9 a 16 deste mês, com entrada livre. O número cada vez maior de filmes e documentários sobre as questões climáticas prova que se podem “transmitir mensagens, provocar debates e mudanças nos nossos comportamentos diários e no das empresas”, considera o organizador. Em cinco pontos, eis o essencial do programa.
1. Antestreias

O CineEco terá duas antestreias nacionais (extraconcurso): I am Greta, de Nathan Grossman (dia 13, 21h30), e La Croisade, de Louis Garrel (16 out, 21h30), que integrou o Cinema for the Climate, nova secção do Festival de Cinema de Cannes. O primeiro acompanha o trajeto da ativista Greta Thunberg desde o início da sua greve à escola pelo clima, em agosto de 2018, antes ainda das primeiras reportagens sobre a jovem sueca. O realizador Nathan Grossman seguiu-a depois até ao discurso na cimeira do clima das Nações Unidas, em Nova Iorque, para onde viajou a bordo de um veleiro. O filme aborda ainda a luta pessoal de Greta para alcançar o equilíbrio entre a adolescência e o lado mediático. Em La Croissade, que encerra o festival, o cineasta francês Louis Garrel conta-nos a história de um casal, Abel e Marianne, que descobrem que o filho de 13 anos, Joseph, tal como outras crianças no mundo, vendem os seus bens mais preciosos para salvar o planeta.
2. Temas
A cada ano, os documentários são cada vez mais transversais à temática do ambiente. Nesta edição, diz a organização, “versam sobre temáticas multidisciplinares como a atual situação climática, o colonialismo tóxico, a pandemia e outras doenças, a luta de comunidades pela defesa dos ecossistemas regionais, futuro sustentável, poluição marítima, justiça ambiental, entre outras abordagens”.
3. Filmes internacionais em competição

Na Competição Internacional de Longas-Metragens entram a concurso 10 documentários, entre os quais estão Legacy, Notre Heritage (12 out), o filme mais pessoal do francês Yann Arthus-Bertrand que revela um planeta em sofrimento; Arica (14 out), de Lars Edman e William Johansson Kalén, sobre o colonialismo tóxico e a exportação de resíduos dos países ricos para os países pobres; e Ophir (15 out), de Alexandre Berman e Olivier Pollet, sobre uma revolução indígena pela vida, terra e cultura na mais jovem nação do mundo em Bougainville, na Papua Nova-Guiné. Une Fois que Tu Sais, de Emmanuel Cappellin (15 out), Ostrov-Lost Island, de Svetlana Rodina (10 out), Living Water, de Pavel Borecký (11 out), Douce France, de Geoffrey Couanon (11 out), Last Days at Sea, de Venice Atienza (10 out), The Last Hillbilly, de Diane Sara Bouzgarrou e Thomas Jenko (14 out), e Mom, I Refrieded Ghosts, de Shasha Voronov (12 out), são os restantes filmes em competição.
4. Longas, curtas e reportagens portuguesas
Na Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa, estão três documentários de Portugal – Entre Leiras, de Cláudia Ribeiro (12 out), A Nossa Terra, O Nosso Altar, de André Guiomar (13 out), e Mar Infinito, de Carlos Amaral (14 out) – e um do Brasil, Sobre Sonhos e Liberdade, de Márcia Paraíso e Francisco Colombo (15 out). Na Competição Internacional Curtas-Metragens concorrem 45 documentários de vários países, entre os quais estão sete produções nacionais. Saliente-se ainda a muito concorrida Competição Séries e Reportagens Televisivas, com trabalhos sobre os incêndios, o plástico nos oceanos e, entre outros temas, a migração de aves do estuário do Tejo para a Islândia.
5. Música, conversas e uma exposição feita a partir de lixo

Os Anaquim abrem o festival neste sábado, 9, com um concerto às 21h30. Neste mesmo dia, será exibido extraconcurso o filme O Lago Sagrado – Uma Viagem Por Uma Estrada Profunda e Gelada, que antecede à inauguração da exposição O Lago Sagrado, projeto fotográfico de Mário Lisboa sobre o lago Baikal, na Sibéria (9 out-30 nov, patente na Casa Municipal da Cultura). Do programa paralelo do CineEco, destacam-se as conversas sobre ambiente (as ecotalks), que acontecem quase diariamente às 17 horas; a palestra com Dörte Schneider (13 out), especialista em educação e sensibilização para uma produção mais verde no setor audiovisual, e ainda a exposição do projeto Reciclarte que reúne 14 quadros feitos por 120 alunos a partir de lixo, e que reproduzem obras de Klimt, Picasso, Magritte, Matisse, Miró, entre outros artistas.
27º Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela > Casa Municipal da Cultura > Av. Luís Vaz de Camões, 484, Seia > T. 238 310 293 > 9-16 out > grátis > programa em cineeco.pt