Uma sondagem revelou que cerca de um décimo dos jovens norte-americanos julga que o Holocausto foi causado pelos judeus. A sondagem, que ouviu mil jovens entre os 18 e os 39 anos, contém outras respostas absurdas, havendo, por exemplo, uma percentagem significativa que considera o Holocausto um mito ou simplesmente nunca ouviu falar de tal coisa. Isto torna-se particularmente preocupante numa altura em que os movimentos de extrema-direita ganham força na Europa e em que os EUA e os casos de violência xenófoba ou racista se multiplicam. É por isso que Anne Frank – Vidas Paralelas, documentário biográfico sobre Anne Frank, com um invólucro quase de blockbuster, é particularmente importante.
Anne Frank tornou-se o maior ícone do Holocausto e das atrocidades nazis. O seu rosto, que ganhou força através do famoso diário, ainda sorridente, numa fotografia anterior ao esconderijo e à deportação para um campo de extermínio, simboliza seis milhões de judeus assassinados num minucioso plano de genocídio.
O filme conta com muitos ingredientes que enfatizam a história já por si arrasadora, com o objetivo de se tornar emocionalmente atrativo para um público vasto. Começando pela narração mais do que perfeita de Helen Mirren, mas passando também por um dispositivo narrativo que coloca uma jovem, de idade semelhante à que Anne teria, no enlace do seu caminho.
Anne Frank – Vidas Paralelas ganha também pelo seu caráter universalista. Se tem como clara missão um reforço da memória, fá-lo de forma abrangente, não fechando o episódio de Anne Frank e do Holocausto num horrendo período histórico, mas alertando para a possibilidade da repetição da História, ainda que por moldes diferentes. Não sendo uma grande obra cinematográfica, nem sequer um significativo documento histórico, o filme tem o mérito de recordar empaticamente um dos mais horrendos crimes contra a Humanidade.
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Anne Frank – Vidas Paralelas > De Sabina Fedeli, Anna Migotto, com Helen Mirren e Martina Gatti > 92 min