Pode a teoria da arquitetura ser entusiasmante e cativante para todos? O arquiteto e professor francês Éric Lapierre não hesita na resposta: claro que sim. E nesta exposição tenta prová-lo a cada passo. Lapierre assina não só a curadoria desta Economia de Meios, que agora ocupa o edíficio da Central Tejo, como foi responsável por toda a programação da presente edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa (com o tema genérico A Poética da Razão).
Expor arquitetura para o grande público é, sempre, um desafio. Parece que o essencial (as verdadeiras obras) nunca está lá e uma sucessão de desenhos, esboços, fotografias, vídeos e maquetas pode, facilmente, revelar-se entediante para os menos interessados na matéria. A exposição procura, eficazmente, superar essas limitações, tanto através duma cenografia atraente e criativa como da introdução de narrativas, a grande e a petite histoire, personagens, boas contextualizações.
Logo na primeira das cinco secções (Economia da Repetição), uns binóculos são disponibilizados para vermos melhor nas paredes a reprodução de páginas do Grand Durand, de 1800, espécie de compêndio de tipologias de todos os bons edifícios. A preocupação com diversos níveis possíveis de leitura do visitante está presente, por exemplo, nos muitos livros que podemos (ou não) folhear nas várias salas. Viajamos dos maiores, e mais racionais, espaços para multidões em várias épocas (Economia do Vazio) para o mundo oposto: a escala mínima da secção O Pequeno É Significativo – na qual podemos espreitar, literalmente, por um pequeno orifício na parede, a primeira concretização de sempre do projeto do arquiteto suíço Hannes Meyer Co-Op, uma espécie de divisão básica, igual para todos, ligada às utopias comunistas da primeira metade do século passado.
Como o autoexplicativo nome da exposição indica, a “economia de meios” é o denominador comum a todo este percurso pela História e pelas teorias da arquitetura – entre a necessidade, a(s) técnica(s), e a arte de construções com um mínimo de desperdício. Nesse aspeto, esta proposta não podia ser mais atual. Afinal, um dos slogans que ficarão para a memória futura deste nosso tempo é muito claro: “Não há planeta B.”
Economia de Meios > MAAT – Central Tejo > Av. Brasília, Lisboa > T. 21 002 8130 > até 20 jan 2020, qua-seg 11h-19h > €5