Talvez por hábitos machistas, mais ou menos conscientes, é raro ouvirmos falar de Sarah Affonso sem que o seu nome seja associado ao de Almada Negreiros, com quem se casou em 1934. Nascida em Lisboa em 1899, Sarah teve um percurso muito seu, associado ao modernismo da primeira metade do século XX. Começou, até, a afirmar-se bem cedo, indo viver para Paris, em 1924, na sequência de uma entusiasta crítica assinada por Mário Domingues, que lhe aconselhava essa viagem. Mas no fim da década de 30 deixou de pintar, dedicando-se, sobretudo, às artes decorativas, ao desenho e à ilustração, e talvez também isso explique algum esquecimento.
Esta exposição remete para as referências ao imaginário minhoto na sua obra. Uma presença forte que se justifica pelo facto de ter vivido boa parte da infância (entre 1903 e 1914) em Viana do Castelo. Num regresso ao Minho, em 1933, escreveria à sua amiga Fernanda de Castro: “Tudo são quadros feitos à espera de pintores. E eu sinto isto profundamente.” Na sua obra está o brilho do ouro nos trajes tradicionais, as cores das romarias, as cenas rurais… Para melhor contextualizar estes trabalhos de Sarah Affonso, na Gulbenkian podem ver-se também objetos, têxteis e ourivesaria da cultura minhota.
Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna 45A, Lisboa > T. 21 782 3000 > 12 jul-7 out, qua-seg 10h-18h > €3