O corredor de entrada do Aquário Vasco da Gama, na Cruz Quebrada, iluminado por luzes azuis, deixa adivinhar o que nos espera na exposição O Príncipe que Sonhava com o Fundo do Mar. Dois peixes com um aspeto peculiar, corpo alongado e um comprimento aproximado de 1 metro, perfeitamente conservados, dão-nos as boas-vindas àquela que é uma pequena amostra do espólio que o rei D. Carlos foi colecionando nas 12 campanhas de Oceanografia que fez (algumas peças, distribuiu-as por vários particulares e museus nacionais e internacionais) e que pode ser agora vista no átrio do Aquário.
Maria Pitta, responsável pelo museu, descreve o rei como um “homem de pontes, que soube conjugar o conhecimento empírico e erudito”. D. Carlos cresceu junto de pescadores e deles aprendeu algumas técnicas e saberes populares. Com 15 anos, conheceu aquele que viria a ser a sua inspiração para estudar os oceanos – o príncipe Alberto do Mónaco (tetravô do atual Alberto do Mónaco). Tornaram-se grandes amigos, apesar da diferença de idades, e partilharam motivações e conhecimentos. O rei português tinha uma curiosidade inédita pelo desconhecido e escuro “fundo abissal” dos oceanos, como lhe chamou na correspondência que mantinha com o monarca monegasco (e que também podemos ver nesta exposição). Mais tarde, haviam de lhe dar o título de pai da Oceanografia em Portugal.
Aves, seres invertebrados, moluscos, várias espécies de tubarões e outros peixes – como um peixe-de-farol (batizado de rockstar da exposição, pela sua popularidade, sobretudo entre os mais novos) – fazem-nos duvidar da sua idade, devido ao seu perfeito estado de conservação em álcool ou formol, técnica que o rei e a sua equipa já dominavam na época.
Ao fundo do átrio fica o longo corredor que nos convida a mergulhar no Aquário Vasco da Gama, para conhecer os restantes hóspedes marinhos deste lugar que em 2017 completa 119 anos.
Aquário Vasco da Gama > R. Direita do Dafundo, 1495-718, Cruz Quebrada – Dafundo > T. 21 420 5000 > seg-dom 10h-18h