Os irmãos Jeff e Michael Zimbalist, habituados a fazer séries para a televisão, inspiraram-se muito provavelmente em anúncios da Coca-Cola e da Nike para construir algumas das mais vibrantes cenas de Pelé, o Nascimento de uma Lenda, a biografia do melhor jogador de futebol de todos os tempos.
O filme tem o ritmo, a estrutura de objetivos e obstáculos e uma rede emocional de conflitos, radicada inicialmente na frustração da pobreza extrema que limita as possibilidades: primeiro, ao confronto moral com a mãe, que não quer que o filho seja jogador de futebol, pois não acredita que assim saia da situação limite onde vivem; depois, com os meninos ricos da cidade, numa espécie de luta de classes através da bola, com um vilão personificado na personagem de José. Mais à frente evolui para os obstáculos contra a afirmação do ginga (estilo acrobático de jogar futebol), que acaba por se tornar uma espécie de grito de Ipiranga futebolístico.
Tudo decorre entre a primeira infância e os 17 anos, idade em que o jovem Pelé se revelou no Mundial da Suécia, nascendo realmente aí a maior lenda do futebol brasileiro. E, com o exagero típico do género, o feito é elevado a outros domínios, como se ganhando um jogo de futebol se pudesse salvar realmente um país da miséria. Apesar da previsibilidade incomodativa e de ser irritante ouvir brasileiros falar inglês, é um filme com momentos empolgantes, em que Pelé sai em ombros.
Pelé, o nascimento de uma lenda > De Jeff e Michael Zimbalist, com Rodrigo Santoro, Vincent D’Onofrio, Diego Boneta, Colm Meaney, Seu Jorge, Kevin de Paula, Seth Michaels, Leonardo Lima Carvalho, 107 min