Política, homossexualidade, segredos e conspiração. Estavam lançados os dados para que o “Thorpe affair”, como ficou conhecido no Reino Unido o escândalo político e sexual envolvendo Jeremy Thorpe (1929-2014), líder do Partido Liberal e membro do Parlamento, desse uma minissérie da BBC. Contou com realização de Stephen Frears e foi exibida em 2018.
A adaptação para três episódios, a partir do livro de John Preston, A Very English Scandal: Sex, Lies and a Murder Plot at the Heart of the Establishment, tem Hugh Grant no papel principal (uma escolha aplaudida pela crítica), que deixa para trás o seu típico registo das comédias românticas. No entanto, a maior revelação talvez seja mesmo Ben Whishaw, galardoado com um Globo de Ouro, um Emmy e um Bafta pela interpretação de Norman Scott, um tratador de cavalos aspirante a modelo que de amigo passou a amante de Thorpe, levando-o à morte política, apesar de este ter sempre negado o envolvimento homossexual.
É preciso recuar até aos anos 1960 do século XX, quando a homossexualidade acabava de ser descriminalizada no Reino Unido, para se perceber como Thorpe passou de o mais jovem líder de qualquer partido político britânico em 100 anos para o primeiro político britânico a ser julgado por conspiração de assassínio. Só com a ajuda de outros membros do partido e o aval da Imprensa sensacionalista, Thorpe conseguiu abafar o caso por mais de uma década. O julgamento, além de revelar pormenores íntimos da vida de Jeremy Thorpe e de Norman Scott, trouxe à tona segredos sombrios da política, numa altura em que o Partido Liberal ganhava terreno para chegar ao governo.
A Very English Scandal > HBO > Estreia 8 jul, qua