1. M.Ou.Co
No Bonfim, num antigo armazém, abria, em setembro, o M.Ou.Co (acrónimo de Música e Outras Coisas), um lugar para a cultura, que funciona como sala de espetáculos, musicoteca, bar com esplanada, restaurante e hotel. A música é o denominador comum e está por todo o lado. Para lá do ambiente descontraído e cosmopolita, do café com blend próprio e dos cocktails de assinatura, tem uma programação regular eclética e multicultural, com direção artística de Valter Lobo, capaz de cativar diferentes públicos – e a prova disso foram os concertos quase sempre esgotados. Se a isto somarmos os leitores de vinil, auscultadores, pósteres e a revista Rolling Stone para folhear nos quartos, está explicado o sucesso do M.Ou.Co – e porque ele merece o nosso aplauso. R. de Frei Heitor Pinto, 67, Porto > T. 91 029 4352 > seg-dom 11h-24h > concertos €5 a €25
2. Semea by Euskalduna
Vasco Coelho Santos não teve mãos a medir durante 2021. Desde logo, o restaurante Semea assumiu outras ambições, ao passar para instalações maiores no Cais das Pedras, em julho. Ali, numa varanda com uma vista privilegiada para o rio, começou a dar largas aos cozinhados feitos no fogo, ideais para partilhas. Entretanto, o chefe de cozinha encontrou outros negócios paralelos. No antigo espaço do Semea, na Rua das Flores, resolveu abrir a padaria artesanal Ogi, em parceria com Gil Fortuna. Além da venda de pão de massa mãe, serve pequenos-almoços, brunches e snacks, aproveitando o movimento da artéria. Mas o pequeno império de Vasco também cresceu para outras vertentes inesperadas. Na zona do Avis, criou a Peixaria by Euskalduna, uma boutique moderna de peixe e marisco da nossa costa, da melhor qualidade, arranjados com rigor, não faltando conselhos aos clientes sobre as melhores formas de os cozinhar. As novidades não vão ficar por aqui. No início de 2022, a Ogi ganhará outra dimensão e mudar-se-á para a Rua de Santo Ildefonso, onde já mora o restaurante Euskalduna, o centro criativo do grupo. Cais das Pedras, 15, Porto > T. 93 856 6766 > seg, qui-sex 19h-24h, sáb-dom 12h-15h, 19h-23h
3. Museu do Holocausto
Abriu, em abril, num discreto rés do chão, na Rua do Campo Alegre, e, desde então, o Museu do Holocausto, criado pela Comunidade Judaica do Porto, recebeu a visita de 35 mil pessoas (a maioria, estudantes). Uma viagem dura, mas necessária, a um dos períodos mais negros da História recente, recordando especialmente a passagem dos refugiados judeus pelo Porto, durante a Segunda Guerra Mundial, em fuga da Europa. Lá dentro, lembra-se a vida judaica antes do Holocausto e a expansão do nazismo, reproduzem-se os dormitórios nos campos de concentração (como o de Auschwitz-Birkenau), recordam-se os nomes e o número de vítimas (seis milhões de judeus)… Tudo, através de fotografias, vídeos e documentos originais, vindos de outros museus dedicados ao tema – como o Yad Vashem (Jerusalém), de Washington, Moscovo, Paris (Memorial Shoah), Hong Kong – e da Fundação Shoah, criada por Steven Spielberg. À entrada, a palavra “recordar”, escrita em hebraico, tem uma mensagem clara e simples: que esta realidade da História não se repita. Nunca mais. R. do Campo Alegre, 790, Porto > seg-sex 14h30-17h30 (encerrado até março) > grátis
4. Agrafo Studio
Mudou de morada, em abril, sem sair do Bairro das Artes, e nós, que já conhecíamos a Agrafo, fizemos questão de espreitar as suas montras rasgadas para a rua. Nesta concept store, onde Ema Ramos, a mentora, reúne café de especialidade da Combi, flores frescas, plantas e cerâmicas, não faltam coisas bonitas para vestir, calçar ou decorar a casa. Lá dentro, desfilam a roupa e os acessórios serigrafados à mão da Zbiri, há velas e cosméticos da Real Saboaria, meias e sapatilhas da The Captain, cerâmicas da San Pi… Além das peças de marca própria, em meados de janeiro, a Agrafo irá alargar a oferta de cafetaria, passando a servir refeições leves, em parceria com projetos locais e de pequena dimensão. R. Miguel Bombarda, 519, Porto > ter-sáb 10h-19h
5. Musa
Há muito que se aguardava a sua chegada. A Musa, cerveja artesanal produzida no bairro lisboeta de Marvila, instalou-se, em outubro, no Porto para agitar o Passeio das Virtudes com música emergente e petiscos gulosos a dispensar talheres, criados por Ana Leão, Cristiano Barata e João Baião. Tudo isto servido num antigo armazém, com vistas largas sobre um dos miradouros mais procurados da cidade. Aos bancos corridos e balcões em inox, juntam-se o néon vermelho vibrante e, claro, as 15 torneiras, afinadíssimas, de onde saem cervejas, da lager à IPA, com nomes que remetem para a música. O ambiente é descontraído, já se vê, e como a Musa está num bairro residencial, as portas abrem mais cedo, a tempo de se celebrar os finais de tarde, à medida que o Sol se põe. Passeio das Virtudes, 28, Porto > seg,qua e qui 16h-24h, sex 16h-1h, sáb 14h-1h, dom 12h30-22h
6. Igreja de Santa Clara
Considerada um dos maiores exemplares de talha dourada em Portugal, esteve esquecida durante décadas, até os problemas na cobertura e o ataque de térmitas obrigarem a uma intervenção urgente, entre 2014 e 2016. Dali, avançou-se para uma das mais profundas obras de conservação e restauro levadas a cabo pela Direção Regional de Cultura do Norte. Todo o espólio artístico da Igreja de Santa Clara foi beneficiado: a talha dourada e policromada, a escultura, a pintura de cavalete, a pintura mural, a pedra, o azulejo, os metais e até o órgão, que voltou a tocar. Também se apostou na reabilitação estrutural do edifício, na remodelação das infraestruturas (da eletricidade à segurança), na redução de barreiras arquitetónicas e na criação de um centro de acolhimento aos visitantes. A 22 de outubro, reabriram as portas desta referência do barroco nacional. Lg. Primeiro de Dezembro, Porto > T. 22 200 5338 > seg-dom 9h-13h, 14h-18h > €4
7. Café Ceuta
Fundado em 1953, representa um tempo em que os cafés eram palcos privilegiados de tertúlias culturais e congeminações políticas. Nas últimas décadas, entrou em decadência, até ser adquirido pelos atuais proprietários, que o reabilitaram, sem destruírem as características originais, do néon da fachada aos painéis de vidro alusivos à conquista de Ceuta. A carta, essa sim, teve alterações significativas e apresenta-se bem mais cuidada. Este é um dos estabelecimentos de referência do Porto que, em 2021, reabriram as portas com imagem renovada, mantendo intacta a sua identidade. De outros exemplos poderíamos falar, como a Casa Nanda, na Rua da Alegria, ou o Cafeína, na Foz. R. de Ceuta, 26, Porto > T. 96 740 5669 > qua-seg 8h-22h30