Fica na Azaruja a mais antiga praça de touros edificada (1860) em Portugal. Há 15 anos ao abandono, e depois de ter servido como fábrica de cortiça, vai ganhar nova vida pelas mãos da Associação Cultural Zaratan que ali quer fazer nascer um Centro Artístico e Cultural. “A sede em Lisboa não tem a volumetria que nós precisamos para expor os trabalhos de alguns artistas, como esculturas, desenhos, quadros ou peças audiovisuais. Estávamos limitados em termos de escala”, confessa José Chaves, membro da direção da associação que detém a galeria de arte contemporânea com o mesmo nome na Rua de São Bento.
“Vimos mais de cinco mil espaços na internet e fomos a mais de 300 sítios presencialmente”, conta José Chaves. “A praça de touros da Azaruja estava à venda num site. Assinámos um contrato para a reconstrução e utilização da praça de forma artística.” A Azaruja (que tem como nome maior São Bento do Mato) fica a 140 km de Lisboa e a 20 km de Évora, entre dois importantes pólos culturais. O objetivo, diz José Chaves, é unir as duas cidades através da arte, e trabalhar, no Alentejo, as mesmas temáticas que a associação trabalha em Lisboa.
O projeto de reconstrução vai dividir-se em três fases e a primeira fase, até março de 2022, vai permitir reconstruir as paredes exteriores e coberturas. A segunda diz respeito à criação de uma galeria de arte, de dez estúdios de artista, uma biblioteca e uma cozinha comunitária. Por fim, até outubro de 2022, prevê-se a instalação de painéis solares, ar condicionado e o início da programação. “Os artistas vão encontrar na aldeia um lugar para poderem trabalhar de uma forma que a cidade não permite”, afirma José Chaves.
O desafio é ambicioso – de um espaço de 200 metros quadrados, a Zaratan estender-se-á para outro com 2 200 metros quadrados. Por isso, a associação lançou uma campanha de crowdfunding. Com vista a apoiar o projeto de reconstrução, os interessados podem doar a quantia que desejarem, no site da galeria ou na página de crowdfunding do projeto.
A antiga praça de touros vai destinar-se a algumas atividades de investigação, divulgação e produção cultural, para que a cultura seja um dos eixos de desenvolvimento da região. “Vamos tentar condensar um momento de mostra o público uma vez por mês, mas durante o resto do tempo vai ser possível visitar a galeria de arte, assim como a biblioteca multimédia”, adianta José Pontes.
Veja aqui imagens do projeto e do estado atual da praça de touros da Azaruja
A Zaratan é uma associação sem fins lucrativos fundada em 2014, que promove o contacto do público com os artistas. Até à data, já organizou mais de 200 exposições, cerca de 70 residências artísticas, cinco edições de um festival multidisciplinar e um sem número de concertos, performances e workshops. Até ao dia 31 de julho, na galeria lisboeta, é possível ver a exposição Na Muralha da China & Outros Kalkitos, de Cristina Motta. A entrada é livre.
Zaratan – Arte Contemporânea > R. de São Bento, 432, Lisboa > T. 96 521 8382 > qui-dom 16h-20h > grátis