Que ninguém estranhe o uso da preposição no título, sff. Bastavam uns minutos de conversa para Dália Cunha se tornar muito lá de casa, com tudo o que isso tem de bom. Quase oito anos depois de a ter entrevistado para um artigo da VISÃO História sobre as portuguesas pioneiras nos Jogos Olímpicos, ainda nos vejo a rirmos juntas quando acendeu com um pé a luz do patamar do prédio. Aos 83 anos, a ex-atleta mantinha a graça e a flexibilidade.
Nesse início do verão de 2012, foi ela quem me contou que ia ser inaugurado o Museu Nacional do Desporto, no Palácio Foz, 100 anos depois de Portugal se ter estreado numas Olimpíadas. Tinham-lhe pedido objetos pessoais para o espólio. Em 1952, fizera parte da primeira representação feminina nacional, na modalidade “ginástica aplicada”, hoje chamada “artística”.
Penso nela quando regresso ao museu, é inevitável. Além de uma reconstituição da maravilhosa sala de trabalho do professor Moniz Pereira, piano incluído e pejada de livros, cadernos de apontamentos, troféus e fotografias, por estes dias há uma viagem ao ténis em Portugal e uma exposição didática q.b. sobre desporto. Encantei-me ao ver as sapatilhas com que Fernanda Ribeiro ganhou a medalha de ouro dos dez mil metros, em Atlanta (1996), mas o que eu daria por um vislumbre da vida de Dália.