Há tanto de óbvio como de urgente nesta empreitada do compositor Max Richter. Em várias línguas e em várias vozes, este disco traz-nos, de forma direta, as palavras da Declaração Universal dos Direitos do Homem, ratificada em 1948. A música orquestral é um luxuoso tapete sonoro, muito assente no piano e nas cordas, quase sempre etéreo e em tons melancólicos, que serve de base a estas frases fortes que transportam consigo um horizonte (utópico?) de justiça universal.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos; dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade…” Ouvir estas palavras recitadas ao nosso ouvido em 2020 não pode deixar de gerar inquietações, reflexões, preocupações.
Ao todo, estão creditados 32 nomes nas leituras de excertos da histórica Declaração, num universalismo cosmopolita e fraterno que nem sempre parece rimar com a atualidade. No segundo disco deste CD duplo, estão todas as composições de Richter sem as vozes – sublinhando, afinal, a música como verdadeira linguagem universal.