Aos 77 anos, “o homem mais zangado do rock” não dá mostras de abrandar. Aproveitando o embalo da edição do seu fantástico disco a solo, Is This the Life We Really Want, de 2017, o eterno baixista e mentor dos Pink Floyd embarcou em mais uma das suas megalómanas digressões mundiais. Chamou-a Us + Them, nome de uma das mais memoráveis canções de Dark Side of the Moon, servindo de tema unificador daquilo que Roger Waters sempre abordou: a relação entre os humanos, a necessidade de empatia mas também a luta contra os opressores (seja, na visão de Waters, o comportamento de Israel ou de Donald Trump).
A digressão Us + Them também passou por Portugal, com duas noites esgotadíssimas no Altice Arena, em maio de 2018. Um espetáculo incrível, em termos de luz e som, a provar que a maior sala de Lisboa, afinal, pode ter um som exemplar, desde que se saiba como o trabalhar
Em Portugal, em 2018, pudemos assistir a um gigantesco espetáculo, com um cenário ao qual não faltaram um muro a dividir o público e porcos gigantes a voar (lembrando a capa de Animals, disco de 1977), tudo servido por luzes e projeções que elevaram os concertos a algo mais do que apenas isso. Com uma banda de exceção, o alinhamento foi composto, sobretudo, por grandes clássicos dos Pink Floyd, desde Breathe a Another Brick in the Wall, passando por Wish You Were Here ou Money. Pelo meio, alguns temas da esparsa carreira a solo de Waters, com destaque para o seu mais recente e “floydiano” disco de 2017
Um dos concertos, em Amesterdão, foi filmado, e é esse espetáculo que serve de base a este disco e ao filme, que pode ser visto em salas de cinema e nas plataformas digitais. Em disco, este Us + Them é, sobretudo, um excelente best of ao vivo de Waters + Pink Floyd. E mostra como este septuagenário continua cheio de rock e de ideias nas veias.