Reedição de um romance marcante, Teoria Geral do Esquecimento (Quetzal, 246 págs., €16,60), belíssima metáfora histórica, tem uma personagem inesquecível: Ludovica Fernandes Mano, mulher portuguesa de Aveiro arrastada pela irmã e pelo cunhado para fora da pátria, e que, na véspera da independência de Angola, desamparada, cria a sua própria Arca de Noé.
Isto é, empareda-se no seu apartamento, num prédio babilónico, contra a fúria temida durante 30 anos. Em seu redor, o país sofre as convulsões necessárias e surgem habituais personagens inesquecíveis. Ela escreve: “Os dias deslizam como se fossem líquidos. Não tenho mais cadernos onde escrever. Também não tenho mais canetas. Escrevo nas paredes, com pedaços de carvão, versos sucintos, poupo na comida, na água, no fogo e nos adjetivos.”