Em princípio, Carlos Paredes não se canta. A guitarra é a sua voz e tudo quanto basta. Pelo que este Cantar Paredes é uma ousada aventura de Mariana Abrunheiro, para um segundo álbum a solo, depois de uma passagem pelo Madredeus. Sete temas num livro-disco que celebram o compositor mais do que o virtuoso guitarrista, uma vez que os temas são transcritos para o piano por Ruben Alves. Não poderiam deixar de estar presentes Verdes Anos (uma belíssima versão, diga-se) e Fado Moliceiro. Pedro Ayres Magalhães deu uma letra a Canto de Embalar e foi feita uma opção engenhosa de cruzar Em Memória de uma Camponesa Assassinada, de Paredes, com Cantar Alentejano, de José Afonso, tudo em homenagem a Catarina Eufémia. Nos outros temas Mariana Abrunheiro recupera o papel primitivo da voz, fazendo vocalizações sem recorrer a palavras. Um dos mais interessantes discos portugueses de 2015, inserido num precioso livro (com a marca da editora Boca, já com um valioso currículo na mistura de texto e som, música e literatura) que inclui textos e fotografias de Gonçalo M. Tavares, Irene Flunser Pimentel, Adelino Gomes, Duarte Belo, João Tabarra, Rodrigo Amado, entre outros.
Veja aqui a gravação de Verdes Anos