1. Cerdeira – Home for Creativity, Lousã
A recuperação de várias casas em ruína deu nova vida à aldeia do xisto de Cerdeira, na encosta da serra da Lousã, a 700 metros de altitude. Primeiro, nos anos 80, pelas mãos da escultora alemã Kerstin Thomas e do marido, aos quais se juntaram mais tarde Natália e José Serra, mentor do projeto Cerdeira – Home for Creativity.
Ao todo, são dez casas recuperadas segundo os métodos tradicionais (xisto, argila e madeiras autóctones) da região, que levam nomes como Janela, Forno, Árvore, Azeitona, Mel, Vizinhas, Estórias, Vale, Sol e Escada. Todas têm cozinha equipada, capacidade para acolher até seis pessoas, varandins e janelas com vista para a serra e o vale da Ribeira da Cerdeira. O pequeno-almoço (incluído na tarifa diária) é servido no Café da Videira. Aliar a Natureza às artes e ofícios tradicionais é uma das premissas deste projeto, daí que os hóspedes possam experimentar várias atividades como a iniciação à roda de oleiro ou o figurado em cerâmica, observação de veados e javalis na serra ou praticar canoagem no rio Mondego. F.A. Cerdeira, Lousã > T. 91 178 9605 > a partir €110 > cerdeirahomeforcreativity.com
2. Traços d’ Outrora, Vale de Cambra
Quando Isabel Fonseca e o marido chegaram a aldeia de Trebilhadouro, já não morava lá ninguém há mais de vinte anos. A ideia era comprar uma casa de férias para a família, mas acabaram por comprar quatro. A paixão por peças antigas e pelo restauro levou o casal a procurar móveis e objetos antigos para decorar as casas, que podiam ter sido usados pelos primeiros moradores. Foram reabilitando uma atrás da outra, acabando por mudar por completo o rumo da aldeia, com muitas histórias para contar.
O verde abunda em redor, o ar puro da serra da Freita, em Vale de Cambra, desafia a encher o peito à medida que se percorrem os caminhos junto às casas de pedra. Estão decoradas com toalhas de renda e pratos floridos, fotografias a preto e branco e tetos revestidos a madeira, na sala. Já nos quartos são as camas de ferro, as colchas brancas e os grandes espelhos que nos fazem viajar no tempo.
As quatro casas dispersas pela aldeia (duas T1, uma T2 com suíte e uma T4) foram batizadas ou com o nome do antigo proprietário (Rosalina, Custódio, Matilde…) ou com uma referência à vida deste lugar. Foram todas recuperadas mantendo a traça original, são independentes e com áreas exteriores privadas. Quem ali chega surpreende-se com o sossego, a panorâmica sobre o vale, e à noite, se o tempo estiver de feição, quase se podem tocar as estrelas. S.S.O. Trebilhadouro, Rôge, Vale de Cambra > T. 91 879 5674 > A partir de €70 (duas pessoas) ou €120 (quatro pessoas), mínimo 2 noites
3. Villa Pedra Natural Houses, Soure
Na encosta da serra de Sicó, no centro do País, onde antes estava a Aldeia de Cima, encontra-se o turismo Villa Pedra Natural Houses, composto por 12 casas em pedra. Depois de 80 anos abandonadas, as habitações – incluindo as velhas escolas primárias masculina e feminina -, foram sendo recuperadas por vontade dos sócios Manuel Casal e Eckhard Frank. Entrar neste turismo de aldeia, é como recuar no tempo, a costumes e tradições do passado. A traça foi respeitada, aliadando-se ao conforto e ao bom gosto.
Cada casa (para duas, quatro ou seis pessoas) tem nome de uma erva aromática ou de uma árvore que por ali se encontra, como jasmim, loureiro, alecrim, amendoeira, cerejeira, limoeiro ou nespereira. Além de partilharem o jardim, têm uma área verde privada a convidar a banhos de sol. Por falar em banhos, para refrescar, nos dias quentes, há uma piscina de água salgada.
A completar a oferta está o novo restaurante ‘In’ by VillaPedra. A carta é pequena, mas cheia de opções, como os pastéis de massa tenra de caça e de bacalhau. Tudo pensado para quem procura o sossego e o contacto com a paisagem serrana. S.S.O. R. do Rechio e Seladas, Cotas, Soure > T. 91 464 0275, info@villapedra.com > a partir de €125 (2 pessoas), €215 (4 pessoas, mínimo duas noites), €490 6 pessoas, mínimo três noites)
4. Aldeia da Mata Pequena, Mafra
A região dos moinhos de vento, em Mafra, tem muito para mostrar aos viajantes mais distraídos que procurem refúgios. Na Mata Pequena, casario recuperado com todo o carinho por Diogo e Ana Batalha, sentimo-nos verdadeiros aldeões, embora sejamos, em termos legais, hóspedes deste turismo que eles apanharam em processo acelerado de abandono. “Gostamos do silêncio, de ouvir os passarinhos, de casas antigas”, conta Diogo.
Na única rua da aldeia há 14 casas para alugar, a que juntaram dois moinhos nas redondezas. Às vezes, depois de pendurar o pão morno nas portas, Diogo desafia os aldeões a um passeio de 16 quilómetros, sempre junto à ribeira, que vai terminar na Foz do Lisandro, às portas da Ericeira (aqui aconselhamos o pôr do sol com um cocktail no bar Índigo, bem protegido da ventania da região). Mas, há outras atividades como passeios off-road num jipe, de bicicleta ou a cavalo. L.O. R. S. Francisco de Assis, Igreja Nova, Mafra > T. 21 927 0908, 93 514 1909 > a partir de €60 (mínimo duas noites)
5. São Brás do Regedouro, Évora
Todos os dias de manhã, um cesto de vime recheado com iguarias é deixado à porta de casa. Assim começa o dia em São Brás do Regedouro, a 15 minutos de Évora, com cerca de 70 habitantes, onde é possível ficar em casas tradicionais recuperadas e viver o espírito da comunidade.
Quem aqui chega, surpreende-se com o sossego, o dia a dia da sua gente e as memórias e as tradições que ainda resistem – há, inclusive, uma espécie de centro de interpretação onde se contam a História e a riqueza da terra.
As 15 casas (dez T1, dois T0 e três T2) estão dispersas pela aldeia e foram batizadas com o nome do antigo proprietário ou com uma referência à vida na aldeia (Casa da Joana, Casa do Forno…). Todas elas foram recuperadas seguindo-se a traça original, e têm pormenores que as tornam diferentes entre si. A decoração em tons neutros dá destaque aos nichos preexistentes e às peças de autor, como os candeeiros da De Raiz ou as estruturas em ferro que fazem a vez do guarda-roupa.
No exterior, há esculturas em ferro de António Tomás, canteiros com ervas aromáticas, árvores de fruto e caminhos para descobrir a pé. No forno comunitário, fazem-se workshops de pão; o tanque, junto à horta convida a uns banhos refrescantes no verão, e, para explorar o que há à volta, estão disponíveis bicicletas para alugar. Para as refeições, nem é preciso sair da aldeia, no restaurante O Regedouro provam-se pratos tradicionais alentejanos como a açorda de bacalhau, o cação frito com amêijoas ou a presa de porco preto fumada. E viver, afinal, este Alentejo autêntico. S.L.F. São Brás do Regedouro, Évora > T. 92 649 4291 > a partir €108
6. Aldeia de São Gregório, Borba
Na freguesia de Rio de Moinhos, entre Borba e Estremoz, a Aldeia de São Gregório é um dos mais antigos turismos de aldeia portugueses.
Sem ninguém por perto, está rodeada de grandes vinhas e tem a serra d’Ossa em pano de fundo. Salvador Kadosh é o atual responsável deste pequeno aglomerado de casas rústicas, caiadas de branco e com portas coloridas, hoje refúgio de turistas à procura de descanso (noutros tempos foi morada de trabalhadores agrícolas dos grandes latifúndios). “A aldeia é uma experiência, não há nada na região com este grau de originalidade e autenticidade. Aqui, temos vizinhos e não hóspedes, mas em pouco tempo estamos em Estremoz, Borba ou Redondo”, diz Salvador.
Em poucos minutos, percorremos as suas ruelas de xisto, por onde se distribuem as seis casas disponíveis e, a pé ou de bicicleta, explora-se a paisagem e o património à volta, em caminhos já existentes ou nos percursos indicados nos novos Centros de Cycling da Serra d’Ossa. S.L.F. Rio de Moinhos, Borba > a partir de €40 (mínimo 2 noites) > aldeiadesaogregorio@gmail.com
7. Aldeia da Pedralva, Vila do Bispo
O processo de recuperação das casas foi fiel ao traçado e aos materiais de antigamente e agora podemos ficar por aqui, nesta pequena localidade perto de Vila do Bispo, ao ritmo suave da vida aldeã.
A Via Algarviana e a Rota Vicentina cruzam-se em Pedralva – muitas vezes, é nestas 26 casas rústicas que os caminhantes encontram o descanso merecido, depois de percorridas dezenas de quilómetros por entre paisagens que ficarão na memória para sempre. A partir do momento em que se chega a este recanto, estimulam-nos a deixar o carro para andar por outro Algarve e apreciá-lo com um olhar profundo, longe da confusão. Podemos até não ir mais longe, mas a horta – recuperada durante a pandemia – deve ser a primeira meta.
No outro extremo, fica a piscina exclusiva, fechada a sete chaves, de onde avistamos algumas das oliveiras que para aqui foram trazidas na altura do enchimento da Barragem do Alqueva. Também podemos descansar no restaurante Sítio da Pedralva para um carpaccio de atum caseiro e uns chips de batata-doce de Aljezur ou optar por um bacalhau no pão do Rogil. Quer a batata-doce de Aljezur quer o pão do Rogil estão à distância de poucos quilómetros, prontos para serem arrumados na mala do carro e degustados de novo no regresso a casa. L.O. Casa da Pedralva, R. de Baixo, Pedralva, Vila do Bispo > T. 282 639 342 > A partir €125 > aldeiadapedralva.com