Se há peças que marcam uma geração, os casacos de penas da Duffy são uma delas. Há cerca de 30 anos, eram dos mais desejados entre os adolescentes e jovens já crescidos em democracia. Insuflados e de cores garridas, os célebres blusões pareciam meio caminho andado para se ser alguém fixe e com estilo. Depressa extravasaram a comunidade surfista da grande Lisboa, que os adotou quase como um uniforme, para se tornarem numa moda nacional.
Agora, aí estão eles de novo, com uma nova coleção, atualizada, mas sem esquecer os velhos tempos. “A ideia começou a tomar forma há cerca de dois anos”, recorda Maria Beatriz Serrano, 63 anos, administradora da empresa Pato Rico. Desde que deixou de fazer os casacos, na viragem do século, a empresa portuguesa passou a dedicar-se ao tratamento de penas para exportação e ao fabrico de almofadas e edredões, sendo hoje fornecedora de alguns dos mais luxuosos hotéis de cinco estrelas em Portugal.
A vontade de voltar onde se foi feliz falou, no entanto, mais alto. “Era um desejo antigo, embora hoje o conceito seja outro. Apostamos num mercado de nicho, num design mais contemporâneo e em materiais de alta qualidade”, sublinha Maria Beatriz Serrano, que, em 1979, se inspirou nos blusões de penas dos filmes americanos para criar a Duffy. “Toda a gente me chamou maluca. Diziam-me que Portugal tinha um clima muito quente e que nunca teria sucesso”, lembra. Na altura, começou por deixar oito blusões, à consignação, na loja de desporto do Apolo 70, o primeiro centro comercial de Lisboa, que acabou por se tornar local de romaria para muitos jovens lisboetas. “Foi um fenómeno. Todos os dias levava dezenas de casacos no carro e, quando lá chegava, havia filas à porta”, conta.
De Lisboa, os Duffy depressa se espalharam pelo País. Não eram baratos, mas isso transformava-os num “objeto desejado” por toda uma geração, que se queria vestir da mesma forma que Marty McFly, o personagem principal do filme Regresso ao Futuro, com o seu colete de penas vermelho, em tudo idêntico ao popular modelo Michelin, com mangas amovíveis, também ele agora recuperado (à venda por €275 ou, como na foto, versão criança, por €130). “Foi o nosso maior sucesso. Estiveram na moda durante 15 anos, mas com o surgimento das grandes superfícies e o gradual encerramento das pequenas lojas de desporto, acabámos por perder mercado e tivemos de nos reinventar enquanto empresa.”
Agora que os Duffy estão mesmo de volta, podem ser encontrados na loja da Pato Rico, em Lisboa, ou no site da marca, onde os clientes conseguem personalizar os casacos, escolhendo, não só o modelo e o tamanho, mas também a combinação de cores.
O objetivo da Duffy é lançar novos modelos todos os anos, apostando na inovação. Exemplo disso é o protótipo Neck Jacket, um casaco que se transforma numa almofada de pescoço, como as usadas nos aviões.
Pato Rico > Av. de Roma, 62 C, Lisboa > T. 21 849 0369 > seg-sex 10h-13h, 14h-19h30, sáb 10h-13h, 14h-18h > www.duffysport.pt