É pelo coreto que começa a experiência – e, acrescente-se, este texto. Dali, avista-se o mar e pequenos barcos de pescadores e aprecia-se o Jardim Municipal de Paço de Arcos. Estes são motivos mais do que suficientes para apetecer ficar ali, a beber um copo de vinho acompanhado por um petisco. Mas O Pastus, aberto no início de junho, não é apenas um restaurante com um coreto catita – tem também duas salas e, quando o tempo permite, mais umas quantas cadeiras entre o coreto e o parque infantil. Tanto mais que os pratos do chefe Hugo Dias de Castro têm o dom de nos fazer querer voltar para experimentar outras sugestões que nos ficaram debaixo de olho.
Entre dúvidas e cedências, elegeu-se, para começar, o creme fresco de tomate (€3), servido frio como um gaspacho (sem pimento) e finalizado com um picadinho de pepino e queijo, e o torricado de mexilhão em conserva (€5), que não estava na ementa mas que nos foi sugerido – e muito bem, confirmamos à primeira dentada. Seguiu-se o pica-pau de carne maturada (€15), com batata frita aos cubos, preparado no ponto certo.
É no Mercado de Paço de Arcos, na banca de dona Rosa, que Hugo Dias de Castro compra o requeijão, as frutas e os legumes. Já o peixe chega de Peniche e dos pescadores da região que por ali passam, à porta do restaurante.
Para abrir O Pastus, com Nuno Rebelo, o chefe de cozinha inspirou-se na Casa de Pasto, no Cais do Sodré, um dos projetos em que mais gostou de trabalhar. Nascido em Guimarães há 31 anos, “desde pequeno que Hugo gosta do mundo dos tachos, uma paixão que herdou da avó São, uma cozinheira de mão-cheia”, conta Anna, a companheira do chefe. Antes de se lançar neste restaurante, passou por muitos outros, entre eles Casa da Dízima, Tavares Rico, Tabik e Casa de Pasto, em Lisboa. Na Holanda, fez parte da equipa do De Kromme Watergang, um restaurante com horta e onde os cozinheiros vão à praia apanhar os mexilhões.
N’O Pastus, Hugo aposta no receituário português como quem quer “voltar à infância”, inspirando-se ao mesmo tempo nas viagens que fez. Numa próxima visita, havemos de provar o bacalhau à Brás (€12) e os pastéis de bacalhau (€3,50), acompanhados por grão e preparados segundo a receita da avó São. “Ficam crocantes por fora e cremosos por dentro”, dizem-nos. Para encerrar a refeição, peça-se o pijama (€5), uma combinação das três sobremesas da casa: bolo musse de chocolate, leite-creme de alfazema e toffee e requeijão. E qual delas a mais deliciosa.
O Pastus > Av. Marquês Pombal, 5, Paço de Arcos, Oeiras > T. 93 271 1785 > ter-qui, dom 12h30-23h, sex-sáb 12h30-24h