LISBOA
1. Therapist
Não se dá logo por ela, é preciso percorrer a rua principal da LX Factory até ao fim. Mas, uma vez sentados na esplanada – agora maior – do Therapist, abençoamos cada passo para aqui chegar. E não é só porque se está mesmo bem na mesa alta de madeira, abrigada pela sombra de uma acácia de flores roxas. Para esta fase de desconfinamento, também a sala interior e a ementa levaram uma volta, mantendo a premissa que rege este restaurante dito terapêutico: uma alimentação baseada nos nutrientes, de modo a potenciar os seus benefícios. Consoante o objetivo – detox, força, imunidade e energia mental –, assim se escolhe o que vem para a mesa (quase tudo é produzido na cozinha e os ingredientes são portugueses). Nas bruschettas, combinam-se filetes de cavala, pesto vegan e rúcula, e nas bowls, cogumelos shitake assados com molho de miso tahini, brócolos e quinoa de curcuma e gengibre. Outro destaque vai para o atum de mar braseado com sésamo, abacate e salada de aveia em grão, pepino, tomate, hortelã (deliciosa!). Para finais de tarde na esplanada, há sangria de kombucha e frutos vermelhos, cerveja Musa à pressão e gin alentejano Gin Garden a servir de aperitivo para os jantares, de quinta a domingo. I.B. LX Factory> R. Rodrigues de Faria, 103, Lisboa > seg-qua 9h-17h, qui-dom 9h-22h
2. Darwin’s River
Tranquila, silenciosa e com vista desafogada – em que o rio Tejo é todo nosso – assim é a nova esplanada da Fundação Champalimaud, desde o início de junho a tomar conta do anfiteatro da instituição. De frente para a Trafaria, à esquerda fica a Torre de Belém e a Ponte 25 de Abril; à direita, o lugar mágico onde o Sol se põe. Entrando pelo passeio marítimo ou pela alameda da fundação, é fácil escolher uma das muitas sombras debaixo dos chapéus de sol. Para picar há sopas frias, várias saladas, tostas e sanduíches, sumos de fruta, vinho a copo, cerveja ou gin. Sozinhos com um livro ou em boa companhia, o Darwin’s River é um lugar para inspirar, expirar e deixar-se estar. Fundação Champalimaud, Av. Brasília, Lisboa > T. 21 048 0222 > seg-dom 12h-20h
3. Aquele Lugar Que Não Existe
Ninguém diria que atrás do número 76 da Rua do Açúcar, em Marvila, se esconde um terraço que combina o mundo encantado da Alice no País das Maravilhas com a estética Dada e surrealista do início do século XX. Aquele Lugar Que Não Existe atravessou a rua e abriu um terraço envolto no mesmo mistério que já caracterizava o restaurante. Sofás de pele, poltronas de veludo e cadeirões com estofas de todas as cores espalham–se por ali, em pequenas áreas divididas por leves cortinas brancas ou biombos feitos com portas de madeira antigas. Nesta sala de estar ao ar livre, há ainda espaço para estátuas, um piano e mesas onde se pode beber um copo, almoçar ou jantar com vista para o Tejo. M.A.N. R. do Açúcar, 76, Lisboa > T. 96 001 6208 > ter-qua 16h-23h, qui-dom 12h-23h
4. Selllva
A novidade da semana são uns tacos de camarão, abacate e maionese picante, mesmo a pedir uma pausa gulosa, à sombra na nova esplanada deste restaurante cheio de boas vibrações, muito graças aos murais pintados pela artista Henriette Arcelin, inspirada no exotismo da fauna e da flora selvagens.
O Selllva (assim mesmo com três L) fica na zona do Marquês de Pombal, numa rua sem saída, por isso o trânsito das ruas paralelas não incomoda. Ali, podemos comer desde um pequeno-almoço substancial, com ovos escalfados, abacate e molho holandês, um almoço leve com crepes vietnamita com molho asiático à base de amendoim ou investir em cor e muito sabor com um delicioso risotto de beterraba, cogumelos, parmesão e tofu. Já o tataki de atum com legumes grelhados e molho teriaki parece ideal para o jantar. De toda a ementa, a sobremesa Now Bring Me Sugar (espuma e gelado de caramelo, pedaços de brownie e amêndoa) é a opção menos saudável. Mas sabe tão bem! R. Mouzinho da Silveira, 32, Lisboa > T. 21 599 8814 > seg-dom 12h-15h30, 19h-23h
5. Zanzibar
O nome até pode transportar-nos para sabores da costa Leste de África, mas é a boa e bem confecionada comida portuguesa aquela que é servida, diariamente, ao almoço e jantar, no restaurante e na (agora ampliada) esplanada do Zanzibar, em plena Praça da Armada, em Alcântara, Lisboa. Do feijão verde panado à alheira de Mirandela, passando pelos ovos (verdes ou escalfados com ervilhas), o bacalhau à brás ou a língua estufada, tudo é servido em doses robustas, saborosas e apresentadas com toque q.b. de modernidade. O bife à casa e estufado de rabo de boi são clássicos e a grande novidades destes verão são, entre vários outros petiscos, os croquetes, ao nível do que de melhor se pode encontrar em Lisboa.
Aos almoços nos dias de semana, há pratos do dia a preço reduzido e, à noite, o sossego e o luar convidam a jantares mais longos na companhia de amigos, na esplanada ampla e desafogada. M.B.M. Pç. da Armada, 36, Lisboa > T. 21 605 0908 > seg-dom 12h-22h
6. Chapitô à Mesa
É uma pena que o jornalismo não nos deixe abusar dos superlativos. Na esplanada – ou melhor, nas esplanadas – do Chapitô apetece estar sempre a usá-los e ainda finalizar o exagero com pontos de exclamação. Só mesmo quem nunca se atreveu a cruzar esta porta, descer as escadas e dar de caras com um postal magnífico de Lisboa pode ficar espantado com a conversa.
Pois bem, passou por nós uma pandemia, mas a vista continua intacta. O mesmo não se pode dizer do restaurante – a nova gerência deu a volta completa à ementa. Muito petisco tradicional, como escabeche de coelho ou meia-desfeita, mas também pratos dignos desse nome, como polvo, bacalhau grelhado ou abanicos. No entanto, não se espere que esse tradicional não permita ao chefe Pedro Bandeira Abril aqueles twists que marcam a diferença. É no restaurante Panorâmico (com a mesma superlativa vista, mas sem esplanada), que só abre para jantares ao fim de semana, que mais consegue brilhar. Costa do Castelo, 7, Lisboa > T. 21 887 5077 > seg-dom 12h-15h, 19h-23h
7. Honest Greens
Nem que seja para beber um café, que aqui é de especialidade, qualquer lisboeta deve um dia sentar-se nesta esplanada no Parque das Nações, com vista sobre o Tejo. Mas, claro, podendo, há muito mais para apreciar do que o ambiente cosmopolita criado pela dimensão e decoração. Aqui, a comida é honesta, como se adivinha pelo nome. E com honesta quer-se dizer o mais ao natural possível, com uma ementa da estação, produtos não processados, cozinha de proximidade. Enquanto se escolhe e pede, dá para ver os empregados a trabalharem e a montra com aquilo que podemos comer. Depois, é só esperar, numa das mesas do exterior e deixar-se ficar, sem olhar para o relógio. Al. dos Oceanos, 2.11.01F, Lisboa > seg-sex 12h-16h, 19h-23h, sáb–dom 12h-23h
8. JNcQUOI Avenida
Mesa elegante e sofisticada a condizer com a pedra polida da calçada portuguesa, ou não estivéssemos nós na cosmopolita Avenida da Liberdade. No JNcQUOI, há 36 novos lugares para refeições mais descontraídas, sempre com a assinatura do chefe António Bóia. Ostras do Algarve, terrina de foie gras, carpaccio de novilho, cocktail de camarão, mariscos, rosbife, ovos rotos trufados, gambas ao alho na frigideira, pica-pau de novilho, salada caesar, hot dog de lavagante e tábuas de queijos e charcutaria são algumas das propostas para as refeições dos dias maiores e quentes deste verão que se quer ao ar livre. Av. da Liberdade, 182-184, Lisboa > T. 21 936 9900 > seg-dom 12h-23h
9. O Pitéu
Desde que começou o desconfinamento, o Largo da Graça encheu-se de esplanadas, a condizer com os passeios largos que surgiram da sua remodelação, há poucos anos. E não faltam ali locais onde se passa um bom bocado, do Botequim, frente à Vila Sousa, ao recém-inaugurado quiosque NutriLovers, com snacks e sumos naturais. Pelo meio fica outra novidade: O Pitéu também ganhou uma esplanada, junto ao coreto. O restaurante é um templo da boa comida portuguesa, com um polvo à lagareiro tão macio que se derrete na boca e as carnes de porco preto, gulosas de tanto sabor. Agora, além das refeições, podemos simplesmente sentar ao ar livre para beber uma imperial e comer uns caracóis, quando os há. Quase todos os dias, ao fim da tarde, ao som de algum músico de rua que ande pelo largo… E que bons músicos ali se encontram! A.C. Lg. da Graça, 95, Lisboa > T. 21 887 1067 > seg-sáb 12h-22h15
10. Soão
Podia pensar-se que o ambiente intimista que sempre caracterizou este restaurante de ótima comida asiática não combina com uma esplanada, mas eis que surgem cinco mesas na rua para negar esse pensamento. São pequenas, separadas por plantas altas e há candeeiros que iluminam a comida quando a noite cai. Na verdade, este acrescento aparece como alternativa ideal às salas interiores, pois a ementa mantém-se e os pratos com mais saída, como o Pad Thai, a Tom Yum ou os vários baos, podem agora ser apreciados ao ar livre. Av. de Roma, 100, Lisboa > T. 21 053 4499 > ter-sex 19h30-23h, sáb-dom 12h30-23h
11. The Decadente
A linha que une as duas eras deste restaurante, o antes e o pós-pandemia, mostra-se ténue. O sítio é o mesmo, os donos também e a ideia de portugalidade à mesa, sem pretensões, mantém-se. Dito isto, não há mais ligações ao passado, a não ser continuar a fazer parte do hostel The Independent.
O pátio das traseiras tornou-se mais amplo, mais verde, por causa das plantas, e mais acolhedor (e na rua nascerá uma esplanada de 24 lugares). Na cozinha, apareceu um churrasco, que é onde tudo tudo se faz agora – à exceção do arroz malandrinho, claro. Neste processo simples, tudo se agiliza para o desperdício zero, ainda mais quando tiverem o compostor.
A comida pode ser partilhada ou não. Na ementa, existe um conjunto de entradas que apetece atacar sem pudor, como o caldo-verde com chouriço, que já passou pelas brasas, os ovos estrelados com espargos ou as lulinhas na grelha. Depois, vai-se por ali fora, para escolher uma proteína, do peixe da costa ao bife do lombo. O prato só ficará completo com os acompanhamentos, que podem ser o tal arroz malandrinho, legumes grelhados ou batata à murro, por exemplo. R. São Pedro de Alcântara, 81, Lisboa > T. 21 346 13 81 > qui-seg 19h-23h
PORTO
12. Kug – Kitchen & Urban Garden
Ao olhar para a fachada do edifício do séc. XIX, na Rua D. Manuel II, dificilmente se adivinha que esconde um jardim imenso, com cerca de 2 000 m2 e árvores centenárias. O Kug quer manter essa aura de secretismo ou, pelo menos, de exclusividade, ao assentar o serviço num rigoroso controlo das reservas. “Espaço não falta, mas queremos evitar confusões”, sublinha Joana Rodrigues, a gerente. Mesas, almofadas, bancos e mantas estão espalhados pelo relvado e, quando o tempo está menos risonho, há uma sala e uma pérgula para acolher os clientes.
Grandes mudanças estão para breve. A carta vai passar a ter consultadoria de Rui Paula, que confessa ter ficado “encantado com o espaço, tem sido uma inspiração para a criação dos pratos”. Serão promovidas as partilhas à mesa, sobretudo, dos clássicos petiscos de raiz portuguesa, com um toque de autor. Mas com passagens por outras latitudes. “Tanto pode entrar uma sanduíche de lavagante, como uma tempura de lulas frescas ou um tártaro”, adianta o chefe de cozinha. Propostas para serem acompanhadas pelos cocktails criados por Tatiana Cardoso, uma das melhores barmaids do País, outra das recentes aquisições da casa. Este verão, o Kug promete. R. D. Manuel II, 178, Porto > T. 22 600 0744 > ter-qua, dom 12h-21h, qui-sáb 12h-23h
13. Manna Porto
Nos poucos meses de casa, Hélder Miranda e Sara Sá, o casal proprietário do Manna Porto, souberam dar a volta às contrariedades, sem esquecer a filosofia que norteia o restaurante: a partilha de um estilo de vida consciente e de um bem-estar integral, que se reflete tanto na construção dos pratos – orgânicos, vegetarianos e vegan, feitos com produtos sazonais e locais – como na promoção do ioga.
Para aumentar o número de mesas, recorreram à sala envidraçada onde dão as aulas, com tetos e portas amovíveis, e fizeram uma esplanada interior, protegida do bulício da cidade, que se tornou o local preferido dos clientes. “Desde a reabertura do restaurante, a comunidade respondeu muito bem, acredito que isso também tem a ver com o nosso posicionamento, sempre apostámos no público local”, diz Hélder. Além do serviço à carta – com sugestões como tostas caprichadas em pão de fermentação lenta e smoothie bowls –, passaram a ter um prato e um menu diário. As aulas de ioga, às quais vão buscar muita da inspiração, mantêm-se às segundas e quintas, às 18h30. R. da Conceição, 60, Porto > T. 22 316 1536 > seg-sáb 10h-20h
14. Guilty by Olivier
O edifício de vidro já ocupava um lugar central na Praceta Adelino Amaro da Costa (junto à Rua Júlio Dinis e muito próxima da Rotunda da Boavista). Agora, com a esplanada de 45 lugares, o restaurante conquista um espaço generoso, rodeado de plantas e coberto por enormes toldos (os aquecedores também estão lá para quando vier o tempo frio).
A música de fundo dá a nota para o ambiente descontraído do Guilty, na linha da carta pensada pelo chefe de cozinha Olivier da Costa: carpaccios, saladas, massas, hambúrgueres e pizzas, com nomes sugestivos como lascivious (o fagottini de pera com queijo, panceta e champanhe) ou steamy adventure (a salada de chèvre chaud com endívias, molho de mostarda, mel trufado, nozes, redução de vinho do Porto e pera). Para acompanhar, não faltam sangrias e cocktails, clássicos e de autor, inclusive sem álcool. Com o QR code disponível em cada mesa, os clientes acedem à carta através do telemóvel. Praceta Adelino Amaro da Costa, Porto > T. 22 491 9106 > seg-dom 12h30-16h, 19h30-23h
15. Antiqvvm
A vista de postal turístico, a abarcar o rio Douro e a Ponte da Arrábida, é um dos privilégios do Antiqvvm, instalado nos jardins românticos da Quinta da Macieirinha, isolada do centro da cidade. Na reabertura, no início de julho, criaram uma esplanada à imagem do requinte do restaurante, com apenas 12 lugares. O chefe de cozinha Vítor Matos apresenta dois menus de degustação (um deles lacto vegetariano), além das propostas à carta, com descobertas gustativas asseguradas. R. de Entre Quintas, 220, Porto > T. 91 478 5760 > qui-sáb 12h30-15h, 19h30-22h30
16. Casa Vasco
Plantado numa esquina da Foz, o pequeno restaurante fundado por Vasco Mourão (do grupo Cafeína) sempre fez da esplanada uma das suas apostas. Para este verão, deu uma subtil refrescadela na decoração, mantendo o azul característico, a lembrar que o mar está ali bem perto. A carta é bastante variada, composta por sugestões para todos os gostos, como lulinhas e gambas panadas com molho tártaro, ceviches, pastéis de massa tenra de queijo com camarão ou picanha maturada black angus. R. do Padrão, 152, Porto > T. 22 618 0602 > qui-seg 12h30-22h30, qua 19h30-22h30
17. Reitoria
Durante anos, o restaurante Reitoria manteve-se dividido entre a steak house, a funcionar no piso superior, com uma oferta de carnes grelhadas e um ambiente mais sofisticado, e a foccacia house, no rés do chão, com uma vitrina repleta de ingredientes fresquíssimos para a confeção das sanduíches. A extensão da esplanada para as traseiras do edifício do séc XIX, agora com 60 lugares, permitiu-lhes baralhar as cartas. Ali, tanto se prova um chateaubriand como um preguinho, num ambiente descontraído. R. Sá de Noronha 33, Porto > T. 92 760 8628 > ter-sáb 12h30-22h30, dom 12h30-15h30