Ostenta o nome da estrela mais brilhante do hemisfério celestial norte, Arcturus, e é a última grande sub-variante Omicron, sendo também conhecida por XBB.1.16. Foi identificada pela primeira vez em janeiro e está desde março a ser acompanhada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que em meados de abril a elevou a “variante de interesse” – as outras duas categorias são “variante de preocupação” e “variante sob monitorização”, de acordo com o potencial previsto de expansão e a probabilidade de causar novas vagas. Ainda que, desde o início do ano, se tenha verificado um declínio em 95% das mortes provocadas pela Covid-19, o último mês continuou a registar 14 mil casos fatais em todo o mundo. “Como ilustra o surgimento da nova variante XBB.1.16, o vírus está a mudar e ainda é capaz de causar novas ondas de doenças e mortes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em conferência de imprensa.
A XBB.1.16 é uma sublinhagem da linhagem XBB – uma das múltiplas linhagens da variante Ómicron. Entre os principais sintomas estão: irritação nos olhos (semelhante a conjuntivite), tosse seca e episódios febris. A maioria das ocorrências da Arcturus registaram-se na Índia (63,4%) – no início deste mês, havia mais de 40 mil casos ativos, o que levou à introdução de máscaras obrigatórias em alguns estados, à realização de simulações em hospitais e ao aumento da produção de vacinas. Contudo, o risco foi classificado como moderado e as complicações severas foram baixas, com um ligeiro aumento (2-4%) na ocupação de camas. “A avaliação de risco global para XBB.1.16 é baixa em comparação com XBB.1.5 [que foi classificada como a subvariante mais transmissível até agora e continua a ser prevalente a nível mundial, com 45%], e as outras variantes atualmente em circulação”, apontava um relatório da OMS, de meados de abril.
As informações disponíveis até ao momento, acrescentava a OMS, “não sugerem que XBB.1.16 tenha risco adicional à saúde pública em relação à XBB.1.5 e às outras linhagens descendentes de Omicron atualmente em circulação. No entanto, a XBB.1.16 pode se tornar dominante em alguns países e causar um aumento na incidência de casos devido ao seu crescimento e às características de resistência à imunidade”. Nos Estados Unidos, a Arcturus já representa 11,7% dos casos identificados na última monitorização do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país.
Em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) detetou apenas três sequências XBB.1.16, todas no mês de abril. No último relatório sobre a diversidade genética da Covid-19, divulgado ontem, dia 2, destaca-se o “marcado aumento de circulação da sublinhagem recombinante XBB (e suas descendentes), a qual se tornou dominante em Portugal na semana 10 (6 a 12 de março). Na última amostragem, registou uma frequência relativa de 86,6% (semanas 15 e 16), maioritariamente devido às suas sublinhagens XBB.1.5 e XBB.1.9 (e suas descendentes)”. Refere ainda que “as sublinhagens que atualmente apresentam maior frequência relativa em Portugal (XBB e suas descendentes) apresentam constelações de mutações potencialmente associadas à resistência a anticorpos neutralizantes. Assim, a sua maior transmissibilidade poderá dever-se a uma maior capacidade de evasão ao sistema imunitário”. Ou seja, ainda não é desta que a OMS pode declarar o fim da Covid-19.