Este é considerado um marco importante na história do tratamento contra a doença Alzheimer. As farmacêuticas Eisai e Biogen criaram um medicamento experimental – o lecanemab – que conseguiu atrasar o declínio cognitivo, de acordo com os resultados de ensaios clínicos publicados na revista New England Journal of Medicine. No entanto, pode causar efeitos secundários graves em certos pacientes.
“Esta é o primeiro medicamento que oferece uma opção real de tratamento para pacientes com Alzheimer”, disse Bart De Strooper, diretor do Instituto de Investigação da Demência do Reino Unido. O ensaio clínico do Lecanemab teve quase 1800 participantes, sendo que metade eram um grupo de controlo e durou 18 meses.
O medicamento é um anticorpo concebido para remover os depósitos da proteína beta-amilóide. O tratamento reduziu a velocidade relativa de declínio cognitivo na escala de demência clínica em 27%, quando comparado com um placebo.
No entanto, este foi associado a um edema cerebral que pode ser perigoso em quase 13% dos doentes. Alguns doentes também tiveram hemorragias cerebrais, com cinco deles a sofrer cinco macro-hemorragias e 14% a micro-hemorragias.
“Acredito que confirma uma nova era de modificação da doença de Alzheimer. Uma era que vem depois de mais de 20 anos de trabalho árduo em imunoterapias anti-amilóides, por muitas, muitas pessoas, e muitas deceções ao longo do caminho”, resume Nick Fox, professor de neurologia clínica e diretor do Dementia Research Center da London’s Global University.
Durante o estudo, duas pessoas morreram por hemorragias cerebrais: uma mulher de 65 anos que recebeu um tipo de medicamento conhecido como ativador do plasminogénio tecidual para limpar coágulos sanguíneos depois de ter sofrido um AVC e uma mulher de 87 anos que tomava o anticoagulante Eliquis. A empresa farmacêutica Eisai disse que as mortes “não podem ser atribuídas ao lecanemab”.
A Food and Drug Administration (FDA), o regulador norte-americano de medicamentos, deverá tomar uma decisão sobre este medicamento até 6 de Janeiro. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, com 60 a 70% dos 55 milhões de casos no mundo, número que se teme que aumente para 78 milhões até 2030.