Milenar, a acupunctura faz parte do conjunto de práticas da medicina tradicional chinesa. Originária da China, espalhou-se desde o século XII pelos outros países asiáticos e do século XVI ao século XIX pela Europa e Estados Unidos da América.
Com a medicina tradicional chinesa centrada na teoria de que a doença é a consequência de um desequilíbrio da força vital pelo corpo, a acupunctura tenta encontrar e repor o equilíbrio entre o yin (forças escuras, femininas, negativas) e o yang (forças iluminadas, masculinas, positivas). As agulhas muito finas, inseridas na pele e nos tecidos subjacentes, são o veículo para a estimulação dos pontos específicos do corpo. Estimulando os canais ou meridianos de energia certos, a força vital é reposta no corpo e na mente e a doença poderá ser aliviada ou mesmo eliminada.
Apesar de ser bem aceite no Ocidente – em Portugal, existe desde 2017 licenciatura em acupunctura, certificada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior – à acupunctura “faltam ensaios clínicos de alta qualidade”, que justifiquem menos novas revisões, tal como a mais recente e publicada, a 23 de novembro, na revista científica JAMA Network Open.
A mega análise, coordenada por Selene S. Mak do Centro Médico dos Veteranos no Oeste de Los Angeles, nos EUA, tenta novamente responder à pergunta: “Qual é a certeza ou a qualidade da evidência em estudos sistemáticos recentes para o uso da acupunctura no tratamento de adultos?”.
“Apesar da vasta literatura em acupunctura, a maioria das revisões concluiu que a confiança nos seus efeitos era limitada”, lê-se nas notas do estudo Uso da Acupunctura para Condições de Saúde do Adulto, 2013 a 2021. Uma Revisão Sistemática.
Para realizar esta revisão foram usados cinco bancos de dados no período de nove anos, entre 2013 e 2021, excluindo estudos de acupressão, acupunctura de fogo ou a laser e medicina tradicional chinesa sem menção a acupunctura.
Dos 1 615 estudos avaliados inicialmente, e após centenas de exclusões, foram identificados 434 estudos que necessitavam de análise aprofundada. Desses, por fim, foram esmiuçados 82 sobre 56 condições de saúde, sendo que a maioria das revisões concluiu existir baixa ou muito baixa certeza de evidência, 31 conclusões de certeza moderada e apenas quatro de elevada certeza.
O foco da maior parte dos estudos foi a acupunctura aplicada em problemas de saúde com dor, como sejam as dores nas costas, dor de cabeça, dor relacionada com cancro, síndrome da fadiga crónica, fibromialgia, osteoartrite, dor pós-operatória, dor no ombro, mas também depressão, fertilidade, insónia e transtorno por uso de substâncias.