A pimenta preta pode ser usada numa enorme variedade de pratos. Sempre que a usamos pensamos no sabor, mas a verdade é que os benefícios desta especiaria vão mais além do tempero que pode dar à comida: os seus componentes são saudáveis e podem ajudar a prevenir diversas doenças.
A Piper Nigrum (nome cientifico) é um “alimento saudável devido ao seu potencial antioxidante e antimicrobiano”, lê-se num estudo sobre os diferentes benefícios do tempero. “Com piperina como ingrediente ativo, contém uma rica fitoquímica”, que “auxilia no funcionamento cognitivo do cérebro, aumenta a absorção de nutrientes e melhora a funcionalidade gastrointestinal”. Piperina é o composto químico que dá à pimenta o seu sabor, cor e efeito saudável.
Sistema nervoso
Na revista Nutrition Today, Keith Singletary explicou – através de várias experiências – como a pimenta preta tem vários benefícios para o sistema nervoso. Testada em animais, esta especiaria resultou na supressão de convulsões causadas por um episódio de epilepsia.
Num outro estudo mencionado na revista, a inalação de componentes do óleo de pimenta melhorou o reflexo de deglutição em pacientes com AVC, aparentemente ativando regiões do cérebro. Numa outra perspetiva, o efeito de inalação de extrato de pimenta resultou na estimulação de sensações que aparentemente aliviavam sintomas de abstinência do tabagismo.
Antioxidante
Através da piperina presente na pimenta, este tempero adquire um poder antioxidante, o que significa que as suas moléculas absorvem os “radicais livres” que podem resultar em doenças cardiovasculares ou diabetes.
Em 2013, um grupo de investigadores analisou como esta pimenta tem esse poder. Os 30 ratos que compunham a experiência foram divididos em cinco grupos, durante 10 semanas: um alimentados com dieta padrão; outro com uma dieta rica em gordura; um outro com uma dieta rica em gordura mais pimenta preta; e outro com uma dieta rica em gordura mais piperina. Os resultados mostram que os ratos alimentados com uma dieta rica em gordura com pimenta preta ou piperina tiveram significativamente menos marcadores de danos dos “radicais livres” em comparação com ratos alimentados apenas com uma dieta rica em gordura.
Anti-inflamatório
Também recorrendo às experiências em laboratório, um estudo publicado na PubMed quis determinar os efeitos anti-inflamatórios da piperina. Recorrendo a ratos que tinham um dor aguda na pata e outros com artrite induzidas, os investigadores chegaram à conclusão que “a piperina tem efeitos anti-inflamatórios, anti-nociceptivos [que anulam a perceção e transmissão de estímulos que causam dor] e anti-artríticos”, devendo “ser mais estudada no que diz respeito ao uso como medicamento ou como suplemento dietético para o tratamento da artrite”.
Vitamina A
A pimenta preta, conforme foi relatado num estudo, aumenta a a absorção de betacaroteno , um composto, muitas vezes encontrado em vegetais e frutas, que o corpo converte em vitamina A. Na análise, os indivíduos foram selecionados aleatoriamente para ingerir uma dose diária de betacaroteno (15 mg) com 5 mg de piperina ou placebo. O resultado mostrou que os que consumiram betacaroteno com piperina aumentaram muito os níveis sanguíneos de betacaroteno em comparação com a ingestão isolada do composto.
Cancro
A presença de piperina na pimenta preta, segundo diversos estudos, reduz a reprodução de células do cancro da mama , da próstata e do cólon.
Os mecanismos moleculares pelos quais a piperina exerce efeitos anti-cancerígenos nas células do cancro da mama foram analisados por investigadores da Universidade Nacional de Chungnam, na Coreia do Sul, onde concluíram que “a piperina pode ser um agente potencial para a prevenção e tratamento do cancro da mama com superexpressão de HER2”, uma proteína na parte externa das células mamárias que promove o seu crescimento.
Num ensaio publicado em 2018, um grupo de investigadores afirmou que “a inibição das células pela piperina pode ser responsável pelas atividades anti cancerígenas em células de cancro da próstata”.
Já em 2015, um estudo comprovou que o composto “inibe o crescimento de células cancerígenas”, “fornecendo a primeira evidência de que a piperina pode ser útil no tratamento do cancro”, lê-se no Wily Online Library.