Dor na coluna por má postura
Sente dor na coluna, fadiga muscular, limitações de respiração, dores articulares e problemas digestivos? Segundo o ortopedista Luís Teixeira, especialista na cirurgia da coluna e diretor clínico do Spine Center, são todos resultado de uma má postura, que tem outras consequências. “Afeta o bem-estar e as emoções, sendo responsável por alguns distúrbios de humor.” A má postura é, explica, “o conjunto de posições corporais que não permitem uma normal função das estruturas articulares e musculo-ligamentares”, e alguns sinais de alerta são a “dor, contraturas musculares e assimetrias corporais”.
Cansaço
Quando não há vontade de fazer as tarefas habituais, quer domésticas, quer profissionais, pode ser o corpo a dar sinal de cansaço, explica a médica Ana Correia de Oliveira, especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital Lusíadas Porto, lembrando que este estado de fadiga causa “diminuição de reação a um estímulo externo, seja físico ou psicológico”.
Dores de costas, falta de flexibilidade e cansaço são alguns sinais de que algo está errado e é preciso voltar a cuidar do corpo
“Existem vários sinais que podem sugerir cansaço, como diminuição de vontade de realizar tarefas simples, tristeza e desânimo, apatia, diminuição ou aumento do apetite”, refere, acrescentando que pode “também existir falta de força e dor secundária a alguma doença física ou psicológica coexistente”, como anemia ou depressão. Por isso, é importante despistar a situação para a tratar. Caso seja apenas cansaço, pode ser combatido com uma alimentação saudável, baseada na dieta mediterrânica, sono reparador e prática de exercício físico para reforço muscular.
Tosse do cigarro
A tosse é a forma que o nosso corpo tem de desobstruir as vias aéreas, começa por explicar Ana Catarina Guimarães, médica especialista em Medicina Geral e Familiar, lembrando que, “no caso dos fumadores, estes podem até desenvolver um quadro de tosse persistente, com duração superior a três semanas, inicialmente seca, com tendência para se tornar produtiva (com expetoração) e com pieira”. É, esclarece, “uma tentativa de o pulmão eliminar os químicos inalados através do fumo do tabaco”. Essa tosse, refere, “pode ser particularmente irritativa de manhã, melhorando ao longo do dia e pode provocar dor de garganta e rouquidão”. Única solução: deixar de fumar. Além disso, “a tosse no fumador também pode ser um sintoma de cancro do pulmão ou de doença pulmonar obstrutiva crónica”. Neste caso, os sinais de alarme são perda de peso não intencional, hemoptises (tossir sangue), dispneia (falta de ar) ou dor torácica pleurítica (dor ao respirar).
Peso a mais
Alterações na forma do corpo e no modo como a roupa assenta são dois dos sinais de alerta de que o peso está a aumentar, indica a nutricionista Teresa Herédia, diretora da Nutrialma, apontando outro aspeto que pode constituir uma chamada de atenção. “Também podem surgir comentários das pessoas que nos alertam para o facto de estarmos “mais gordinhos”. A situação torna-se preocupante quando, diz, o peso “excede os valores de referência (índice de massa corporal)” e compromete a saúde. Este índice é o peso total da pessoas (em quilogramas) dividido pelo quadrado da sua altura (em metros). Ou seja, IMC = peso (kg)/altura (m)2. Segundo a nutricionista, a “gordura localizada, no abdómen, nas coxas e nos flancos é, sem dúvida, a mais difícil de eliminar”. Já a gordura visceral, que se armazena “na zona abdominal, onde se encontram vários órgãos internos”, quando muito acumulada, gera maior preocupação quanto à saúde, pois está relacionada com o aumento do risco cardíaco, diabetes tipo 2, doença hepática e cancro, associados à pré-obesidade e obesidade. Esta gordura tem também influência na estrutura corporal: “Indivíduos com maior tendência para a acumulação de gordura na zona abdominal apresentam a chamada ‘silhueta de maçã’, e a maior acumulação de gordura nos glúteos e nas coxas traduz-se na ‘silhueta de pera’.”
Dormir mal
Quando o sono não é saudável, o corpo dá avisos claros. “Ter dificuldade em adormecer, despertar e apresentar paragens respiratórias ou engasgamentos durante a noite, acordar frequentemente cansado e com dificuldade em sair da cama, consumir demasiada cafeína, apresentar sonolência durante o dia, dificuldade de concentração ou alterações de humor são alguns sinais de que não se está a dormir bem”, enumera Tiago Sá, pneumologista, especialista em Medicina do Sono e diretor clínico da Sleeplab. Uma coisa é ter uma noite mal dormida, outra é ser uma situação recorrente. “O impacto na saúde de uma noite mal dormida perde relevância quando comparado com os dados da privação de sono a longo prazo. Estudos científicos demonstraram uma relação entre esta e múltiplas condições clínicas, como a obesidade, a diabetes mellitus tipo 2, a hipertensão arterial, o enfarte agudo do miocárdio e a disfunção erétil”, explica o médico, avisando que a privação de sono tem também um impacto negativo no sistema imunitário. “Existem até dados que demonstram haver um maior risco de infeção aquando da exposição a vírus respiratórios em indivíduos privados de sono.”
Pele sem vida
São vários os sinais a que devemos estar atentos na nossa pele, avisa a dermatologista Joana Gomes, do Hospital Lusíadas Braga, especificando: “O desenvolvimento súbito de uma mancha nova na pele, uma pele que se torna sensível ou reativa, o aparecimento de acne ou de uma alergia sem causa aparente.” São tudo razões “para procurar ajuda”, diz. Não ter os cuidados diários com a pele tem consequências, como a pele baça – uma pele branca ou amarelada, sem brilho e de tendência seca. Esta pode ainda ser provocada por consumo de tabaco, temperaturas frias de inverno ou por doenças como a anemia. Um dos pontos essenciais no que diz respeito ao aspeto da pele é, adianta a médica, é beber água. Mas há outros fatores que influenciam, como os níveis hormonais, a poluição, a alimentação e o uso de produtos cosméticos. Além disso, é muito importane evitar a exposição solar prolongada sem proteção. O uso de máscara, por causa da pandemia, desencadeou outras questões. “Vários problemas de pele têm surgido pelo uso frequente desta proteção”, confirma a especialista, indicando que “o excesso de oleosidade ou seborreia com acne associado tem sido o mais frequente”. Há também muitas pessoas que desenvolvem rosácea, ficam com a pele sensível e reativa ou desenvolvem “alergia aos componentes da máscara”.
Cabelo frágil
Além da queda, há “vários sinais de que o cabelo não está saudável”, afirma Ana Pedrosa, dermatologista do Grupo Saúde Viável/Insparya. E dá exemplos: “A perda de densidade capilar, o cabelo que se vai tornando mais fino e frágil, frequentemente ao nível da região central do couro cabeludo, é um sinal muito precoce de que a saúde capilar se está a deteriorar.” Mas o que influencia o estado do cabelo? “É influenciado pela saúde e pelo estado geral do indivíduo. Sabemos que 65 a 95% da composição do cabelo são proteínas, que são constituídas por aminoácidos, que provêm sobretudo de uma alimentação variada”, diz a especialista, notando que, por isso, “uma doença sistémica com febre prolongada, infeções virais, inclusivamente e muito particularmente a Covid-19, podem cursar com queda de cabelo muito acentuada, semanas a meses após o evento”. Também o stresse pode ser “devastador para o cabelo”.
Ansiedade
Evita coisas que fazia com regularidade? Tem uma sensação constante de vulnerabilidade e insegurança que o impede de viver de forma descontraída e espontânea? Se a resposta é sim, a psicóloga e psicoterapeuta Catarina Graça, da Clínica da Mente, diz que estes sinais de alerta podem indiciar ansiedade, que pode tornar-se grave. Numa “ansiedade patológica, o medo está sempre à espreita”, explica, acrescentando que há um foco constante “na ameaça de que algo mau vai acontecer”. Mas, segundo a psicóloga, como a “mente está sempre em conexão com o corpo, muitas vezes é através do corpo que começam a surgir alguns sinais, como queixas de síndrome de cólon irritável, cansaço, coração acelerado, dificuldade em respirar, suores, calores, tremores ou sensação de desmaio.
Stresse
Uma baixa considerável nos níveis de produtividade no trabalho e/ou falta de espaço psicológico para a família, os filhos, o cônjuge ou os amigos são sinais de que o stresse pode estar a atrapalhar. “Aquilo que, muitas vezes, se torna um sinal manifesto é um humor mais comprometido e facilmente irritável”, diz Catarina Graça. A causa do stresse pode ser variada. “Muitas das queixas estão associadas a uma chefia muito rigorosa e até agressiva, numa carga horária excessiva, numa falta de tempo daí gerada para a vida pessoal”, conta a psicóloga, acrescentando que o stresse pode estar associado também “a uma vida pessoal/ familiar disfuncional ou a problemas financeiros”. É comum surgirem insónias, falta de apetite ou, pelo contrário, um aumento de peso pela compensação emocional do stresse através de uma alimentação desequilibrada, dores de cabeça, patologias do foro gastrointestinal, dores musculares, queda de cabelo, baixa do sistema imunitário devido ao aumento do cortisol, entre outras hormonas, que acabam por comprometer o bom funcionamento do organismo.
Tristeza
A tristeza é, de forma geral, algo sentido temporariamente durante o dia ou num curto espaço de tempo, explica a psicóloga Cécile Domingues, diretora clínica da Clínica da Mente, frisando que, quando essa “tristeza começa a ser mais recorrente, como se estivesse a definir o próprio estado psicológico do indivíduo, sem já perceber a razão de sentir esta emoção, é provável então que seja desenvolvida uma perturbação psicológica como a depressão”. É, por isso, “importante saber distinguir tristeza de depressão”. A primeira “é uma emoção natural que surge, na maior parte das vezes, em situações de perda”.
“Apesar de não gostarmos de sentir esta emoção, ela torna-se necessária no processo de superação da experiência dolorosa. De certa forma, a tristeza faz-nos entrar num estado de introspeção, desacelerando-nos fisicamente, obrigando-nos a parar para pensar e assimilar toda a situação negativa”, esclarece. Já a depressão “representa uma perturbação psicológica, caracterizada por uma tristeza de longa duração (meses ou anos), que interfere com todo o funcionamento biopsicossocial do indivíduo”.
Falta de flexibilidade
Ficar mais parado e confinado pode ter impacto na flexibilidade, garantem os especialistas. “Com a perda de certos hábitos de exercício físico, existe uma tendência para a falta de flexibilidade, com rigidez da cadeia posterior”, refere Paulo Amado, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina e Cirurgia do Pé. O médico adianta, no entanto, que há “exercícios físicos específicos que devem ser ensinados, de forma a treinar e prevenir a falta de flexibilidade”. Apesar de parecer não ter importância, esta falha de flexibilidade pode causar “roturas musculares, fasceítes plantares” e várias doenças “dos membros inferiores e da coluna vertebral”. Para a recuperar, há que identificá-la e treiná-la diariamente. “Após exercícios físicos, muitos pacientes podem precisar de medicação relaxante. Mas exercícios físicos de alongamentos são essenciais”, indica o especialista.
Artigo publicado na VISÃO Saúde nº18 (Junho/Julho 2021)