“É suposto gostar de ver a transmissão [da Covid] a acontecer à minha frente?”, questionou a cientista, no Twitter. “A pandemia não vai tirar folga esta noite… o SARS-CoV-2 e a variante Delta vão aproveitar-se das pessoas não vacinadas, em locais apinhados, sem máscaras, a gritar/cantar. Devastador”, escreveu.
Para a chefe da Unidade Técnica da Orgnização Mundial de Saúde (OMS) para a Covid-19, é muito provável que a final do campeonato europeu de futebol, no estádio de Wembley, tenha sido um evento gerador de grande transmissão da doença, numa altura em que o número de novos casos de infeção estão a aumentar significativamente e Inglaterra, sobretudo devido à maior transmissibilidade da variante Delta.
Em junho, Reino Unido e UEFA assinaram um acordo para abrir o emblemático recinto a 75% da sua total capacidade de 90 mil pessoas para receber três jogos, em julho, incluindo a final, como parte do teste piloto ERP que visa avaliar a segurança de ajuntamentos desta dimensão e o seu efeito na transmissão da Covid.
O programa assenta no pressuposto que todos os entram no estádio apresentem um teste rápido negativo, como se sabe, pouco seguros na deteção dos estágios inicial da infeção e, ainda mais, quando usados sem ser por profissionais de saúde.
A mesma preocupação de Maria Van Kerkhove já tinha sido partilhada, no início do mês, por Katie Smallwood, especialista em emergências da OMS: “Sabemos que, num contexto de aumento da transmissão, grandes ajuntamentos podem funcionar como amplificadores.”
“Uma receita para o desastre” foi também como comité de Saúde Pública do Parlamento Europeu classificou a decisão de permitir 60 mil adeptos em Wembley.