A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) emitiu hoje uma circular com alertas aos profissionais de saúde e aos cidadãos sobre a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, mas reiterou que os seus benefícios superam os riscos.
A circular informativa do Infarmed surge na sequência da conclusão pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) do processo de avaliação das reações adversas identificadas com a utilização da vacina da AstraZeneca.
“Muito embora se trate de ocorrências muito raras, o comité [de segurança da EMA] recomendou que o resumo das características do medicamento e o folheto informativo desta vacina seja atualizado para incluir mais informação sobre estes riscos, em simultâneo com a distribuição de uma comunicação aos profissionais de saúde para os alertar para a possibilidade remota de ocorrência de alterações da coagulação” do sangue dos vacinados, adianta a circular hoje publicada.
Perante isso, a EMA e o Infarmed alertam os profissionais de saúde para estarem atentos à possibilidade de ocorrência de “casos de tromboembolismo, nomeadamente de coagulação intravascular disseminada ou de trombose dos seios venosos cerebrais”, em pessoas vacinadas, especialmente nos sete a 14 dias após vacinação e particularmente em mulheres com menos de 55 anos.
Os profissionais de saúde devem também alertar as pessoas vacinadas para procurarem assistência médica de imediato caso detetem sintomas de:
- tromboembolismo e especialmente sinais de trombocitopenia e de coágulos sanguíneos cerebrais, como hematomas ou sangramento fácil e cefaleia persistente ou intensa, especialmente durante os primeiros três dias após a vacinação.
Para as pessoas vacinadas, o Infarmed alerta que devem procurar de imediato um médico, caso detetem um dos seguintes sintomas após a vacinação:
- falta de ar;
- dor no peito ou estômago;
- inchaço ou frio nos braços ou pernas,;
- dor de cabeça intensa ou que se agrava ou visão turva;
- hemorragia persistente e múltiplos e pequenos hematomas;
- manchas avermelhadas ou arroxeadas ou vesículas com sangue sob a pele.
A circular do Infarmed reitera ainda que o comité de segurança (PRAC) da EMA concluiu que os benefícios da vacina na prevenção da hospitalização e morte por covid-19 são superiores a estes riscos.
“Os eventos observados são muito raros – sete casos de coagulação intravascular disseminada e 18 casos de trombose dos seios venosos cerebrais – face ao número de vacinados de cerca de 20 milhões no Reino Unido e Espaço Económico Europeu, até 16 de março, não tendo sido provada qualquer relação com a vacina”, adianta ainda o documento.
Além disso, o PRAC verificou que o risco global de eventos tromboembólicos na população vacinada foi inferior ao esperado na população em geral.
As autoridades de saúde portuguesas decidiram na segunda-feira retomar a administração de vacinas da AstraZeneca contra a Covid-19, três dias depois do anúncio de uma suspensão temporária devido a relatos em vários países de casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
“O plano de vacinação sofreu uma pausa no que concerne à vacina da AstraZeneca e vai ser posto em marcha outra vez a partir de segunda-feira. Vamos retomar o plano, acelerando-o e recuperando o atraso destes quatro ou cinco dias parados sem vacinação da AstraZeneca”, afirmou o coordenador da ‘task force’ para a vacinação contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
com Lusa