É normal os vírus sofrerem alterações?
Sim, os vírus mudam “constantemente por meio de mutações, pelo que o surgimento de uma nova variante é uma ocorrência esperada, não sendo um motivo de preocupação por si só”, clarifica a Direção Geral da Saúde. A autoridade sanitária reforça que é esperado, dada transmissão contínua de um vírus RNA, que “ocorram processos de evolução e adaptação, como é o caso do SARS-CoV-2”. Embora a maioria das mutação não aumente o risco para o ser humano, “algumas mutações ou combinações de mutações podem fornecer ao vírus uma vantagem seletiva, como o aumento da transmissibilidade ou como uma maior capacidade de evadir à resposta imune do hospedeiro”.
É isso que acontece com esta nova variante?
Os estudos preliminares feitos no Reino Unido apontam para que esta variante tenha uma eficácia de transmissão 70% superior. No entanto, sublinha o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), não há indicação de que aumente a severidade da doença nem a letalidade.
Quando surgiu esta nova variante?
De acordo com as autoridades britânicas, citadas pelo jornal The Guardian, a variante a que deram o nome de VUI – 202012/01 (the first Variant Under Investigation in December 2020) terá sido referenciada em setembro, mas não foi considerada particularmente perigosa dado que, como já se referiu, as mutações acontecem. Só quando foi feita uma análise mais fina a alguns dados da região de Kent (sudeste de Inglaterra), já que os números de infeções nessa zona não baixavam mesmo com medidas restritivas de circulação, é que foi notada maior prevalência desta nova estirpe.
Que outras estirpes já apareceram?
Já foram detetadas outras, além da inicial que terá surgido em Wuhan, na China. A mutação denominada D614G apareceu na Europa, em fevereiro, e tornou-se na mais comum. Outra, de nome A222V, espalhou-se pela Europa e foi ligada às férias de verão em Espanha.
Em Portugal, foi detetada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) a variante D839Y. “Terá sido importada de Itália, em meados de fevereiro, tendo circulado na região Norte e Centro do País de uma forma despercebida, mais de uma semana antes de os primeiros casos de Covid-19 terem sido diagnosticados, permitindo a sua propagação insidiosa”, lê-se no site do instituto. Esta variante está relacionada com a cerca sanitária em Ovar.
Porque é que esta é mais preocupante do que as outras?
Por se propagar mais facilmente. É 70% mais transmissível, podendo, de acordo com o comunicado da ECDC, aumentar o R em 0,4 por cento.
Já foi detetada em Portugal?
De acordo com o INSA ainda não for detetado nenhum caso. A ministra da Saúde, Marta Temido, referiu que “de acordo com os últimos testes e análises feitos – com amostras recolhidas em 16 distritos e 113 concelhos ao longo do mês de novembro – tudo leva a crer que a mutação não esteja ainda a circular em Portugal”.
Que países já disseram ter referenciado a nova variante?
Até agora, Dinamarca, Holanda, Austrália, Itália e África do Sul indicaram ter casos com esta nova estirpe.
A eficácia das vacinas fica comprometida?
A responsável da Agência Europeia do Medicamento, Emer Cooke, revelou hoje que “não há provas” de que a vacina da Pfizer/BioNTech, aprovada esta segunda-feira pelo organismo europeu, não irá funcionar na nova variante do coronavírus.
Quando começa a vacinação em Portugal?
A vacina da Pfizer vai, agora, ter a autorização final da Comissão Europeia e, logo depois, começará a ser feita a distribuição pelos 27 estados da UE. A ministra da Saúde anunciou esta segunda-feira que a vacinação terá início no dia 27 de dezembro.