Um estudo da Universidade de São Paulo e da Universidade de Washington concluiu que a enzima ACE2 era abundante em pacientes com patologias adicionais como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crónica e doença cardíaca coronária. Esta descoberta sugere que os pacientes com essas comorbidades têm mais hipóteses de desenvolver uma reação grave ao novo coronavírus.
Foram analisadas mais de 700 amostras de tecido pulmonar de pacientes com patologias associadas a manifestações graves da Covid-19, e depois comparadas com as de indivíduos sem condições de saúde subjacentes. A enzima ACE2 foi identificada como um fator crucial que facilita a entrada da SARS-CoV2 nas células.
Os investigadores acreditam, com base em análises de correlação, que há genes proteicos que podem ser potenciais reguladores da ACE2 no pulmão humano. Chegam a sugerir que uma enzima chamada KDM5B, que ajuda a manter os recetores ACE2 em níveis normais, pode ajudar a bloquear a infeção. Os recetores ACE2 são mais prevalentes nas células pulmonares, o que explica a razão pela qual o vírus causa danos tão devastadores nesses órgãos.
A ACE2 processa outras proteínas e hormonas, numa série de alterações que podem controlar a pressão arterial, mas também se ajusta facilmente à proteína da superfície do coronavírus, dando-lhe um ponto de entrada nas células.
“A nossa abordagem oferece uma possível explicação para o aumento da gravidade do COVID-19 em pacientes com certas comorbidades”, escrevem os autores do estudo. A investigação poderá facilitar o caminho para se desenvolverem estratégias medicinais de modo a evitar o risco de infeção e a gravidade da doença nessa população de risco.
Paul Insel, farmacologista molecular da Universidade de São Diego, também afirma que é importante entender como é que a SARS-CoV-2 se desenvolve e progride ao nível dos tecidos e células”. “Se pudéssemos parar esse processo, poderíamos impedir as infeções mais graves.”