Os voluntários já estão selecionados e foi esta quinta feira, 23 de abril, que os cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, começaram a testar em humanos uma vacina contra a Covid-19. Ao todo, nesta primeira fase, vão ser testadas 510 pessoas entre os 18 e os 55 anos em vários locais do Reino Unido. Umas, metade, irão receber a vacina em estudo contra o novo coronavírus, enquanto a outras será dada uma outra vacina, no caso contra a meningite, segundo explica a equipa de investigadores no site dedicado ao projeto e a estes ensaios clínicos.
Cada um dos voluntários irá depois fazer a sua vida normal e se tiverem alguns dos sintomas da doença Covid-19 farão testes imediatos junto da equipa de investigação, explicou Sarah Gilbert, uma das investigadoras, numa entrevista que deu à BBC . Se os voluntários que ficarem doentes forem os que tinham sido imunizados contra a meningite, isso será bom sinal: “Significa que a vacina funciona”, explicou ainda a cientista, admitindo a possibilidade de a vacina estar pronta em setembro.
É essa a meta otimista da equipa de investigadores. Ou seja a data que consideram ser possível, mas não certa, para começar a produção em larga escala. Isto, caso se comprove que a vacina é eficaz. Para terem a certeza, o projeto da Universidade de Oxford prevê três fases. Depois de serem imunizados estes primeiros 510 voluntários, os ensaios serão alargados, numa segunda fase, a participantes dos 55 aos 70 anos e logo depois a cidadãos com mais de 70. Na última etapa serão, então realizados, testes em 5 mil voluntários com mais de 18 anos.
Um dos entraves ao rápido desenvolvimento da vacina é, devido às medidas de confinamento, não se verificar transmissão suficiente que permita testar os efeitos nos voluntários. Uma situação que é boa para limitar a ação do vírus, mas que já é tão benéfica para descobrir rapidamente uma imunidade. “A nossa capacidade de determinar a eficácia da vacina vai depender da quantidade de transmissão de vírus na população local durante o verão”, já avisaram, entretanto, os investigadores. Uma das formas de contornar o problema e tentar aumentar a capacidade de apurar a eficácia da vacina é alargar estes ensaios a mais voluntários. Para isso, os cientistas pretendem avançar com protocolos de colaboração com parceiros noutros países.
Esta vacina – na qual os investigadores estão a trabalhar desde janeiro – tem como base uma proteína (Spike) que está localizada a superfície do vírus que provoca a Covid-19. “Depois de vacinados, essa proteína é produzida, o que prepara o sistema imunitárioario para atacar o coronavírus caso este ataque o organismo”, esclarecem ainda os investigadores nos comunicados que têm feito.
Ao todo a equipa que está a desenvolver esta vacina – e que já tinha trabalhado com vacinas para outros coronavírus, como o MERS – integra seis investigadores da Universidade de Oxford: Sarah Gilbert, Andrew Pollard, Teresa Lambe, Sandy Douglas, Catherine Green e Adrian Hill. E para a realização dos testes vão contar com a colaboração do investigador Saul Faust do Hospital Universitário de Southampton e com Katrina M. Pollock do Imperial College.