Em contagem decrescente para a próxima quarta-feira, 8, dia em que está previsto ser levantado o bloqueio à cidade chinesa de Wuhan, todos os 11 milhões de habitantes estão expectantes. Na capital da província de Hubei, onde começou a pandemia no final de dezembro, quem não apresentasse sintomas da doença poderia começar a entrar e a sair da cidade, mas neste momento já não é bem assim. A começar logo pelo dia de hoje, sábado, 4, em que se celebra o Qingming, o dia dos mortos na China. Para que os cemitérios não se enchessem de pessoas a prestarem homenagem aos seus entes queridos já falecidos, o governo de Wuhan anunciou que, este ano, essas deslocações não serão possíveis, de forma a evitar ajuntamentos. Nada que a tecnologia não resolva e até já foram criadas algumas aplicações para todos se unirem em frente aos ecrãs dos telemóveis.
Os números são a principal motivação destes aparentes recuos. Na sexta-feira, 3, foram relatados 31 novos casos de Covid-19 e mais quatro mortes até à véspera, como informou a Comissão Nacional de Saúde do país. Apesar de dezenas de novos casos envolverem viajantes vindos de outros países, dois dos novos casos foram transmitidos localmente. Por isso, as autoridades de saúde pública pedem vigilância. À medida que os habitantes se preparam para, eventualmente, voltarem ao trabalho, foram também aconselhados a permanecerem em casa, em isolamento social e com as mesmas proteções de desinfeção.
Wang Zhonglin, chefe do Partido Comunista de Wuhan, disse que o risco de recuperação da epidemia da cidade permanece elevado devido a riscos internos e externos e que deve continuar a manter-se medidas de prevenção e controlo, como refere o jornal The Guardian.
Mas, nas últimas semanas, algumas medidas já tinham sido aliviadas e alguns jovens passearam num dos recém-reabertos centros comerciais num dos bairros ricos da cidade. Em declarações ao jornal espanhol El País, um dos jovens, que estava acompanhado pela namorada, tinha dúvidas quanto ao número divulgado de infetados (81 639) e de mortos (3 326) em toda a China, sendo que só Wuhan teve mais de 50 mil casos de Covid-19 e, pelo menos, três mil pessoas em Hubei morreram da doença.