Menos é mais. O conceito de minimalismo aplica-se à arquitetura, à moda, à sustentabilidade, mas também às novas etiquetas energéticas. Em concreto, menos “+” significa mais eficiência. Esta foi a grande motivação da União Europeia (UE) para rever e otimizar a familiar etiqueta (é uma das marcas mais reconhecidas pelos europeus) de acordo com as necessidades do consumidor. O regresso à escala de A a G, eliminando os intermináveis “+” é a diferença mais significativa.
Nos últimos 25 anos, a etiqueta energética da UE tem sido um instrumento essencial de apoio ao consumidor na compra de produtos energeticamente mais eficientes. Segundo o estudo Eurobarometer 492 “Europeans’ attitudes on EU energy policy”, 93% dos consumidores reconhecem a etiqueta energética e 79% toma a mesma em consideração quando decide adquirir novos produtos. Ao mesmo tempo, a etiqueta energética tem benefícios para as empresas: é uma forma clara e transparente de impulsionar a indústria, motivando os fabricantes a inovar e desenvolver produtos mais eficientes, que se apresentem nas classes superiores da escala energética.
Mas quando a própria eficiência da “etiqueta da eficiência” parece não estar a funcionar, é preciso revê-la, que foi precisamente o que a Comissão Europeia fez com a publicação do Regulamento (UE) 2017/1369, que resultou numa nova etiqueta energética, com um novo grafismo e uma nova escala energética, mais simples. O facto de as antigas etiquetas envolverem muitos “+“ tornava mais difícil a diferenciação entre as classes de produtos. Para além disso, a grande maioria dos produtos no mercado situa-se já nas classes superiores da escala, A, A+, A++ ou A+++, dificultando a distinção entre os produtos mais eficientes.
A poupança está nos detalhes
Redesenhada, espera-se que a nova etiqueta facilite ainda mais a vida dos consumidores europeus, motivando compras mais conscientes e energeticamente mais eficientes. A Comissão Europeia estima que a poupança seja o equivalente a 15% do consumo de energia europeu, com uma poupança anual de energia de cerca de 150Mtep (milhões de toneladas de petróleo equivalente), o que equivalente aproximadamente ao consumo anual de energia primária da Itália.
Porque é tão importante ler e descodificar toda a informação contida numa etiqueta energética? Porque aí pode estar toda a diferença: para os nossos bolsos (a poupança que iremos obter) e para o planeta. Num frigorífico grande combinado com um compartimento inferior de congelação (230 litros para alimentos refrigerados e 100 litros para congelação), a diferença entre duas classes energéticas (por exemplo, B e F no novo sistema de etiquetagem energética) pode significar uma poupança da ordem dos 36 €/ano. Multiplicando este valor pelos anos de vida útil do eletrodoméstico, 10/15 anos temos uma poupança de 534 € em 15 anos, o que justifica a aquisição de produtos de classe superior.
Mudanças graduais
A introdução das novas etiquetas faz-se de forma gradual. Após um período de dupla etiquetagem, que decorreu entre Novembro de 2020 e Fevereiro de 2021, os consumidores europeus deparam-se agora nas lojas físicas e online com a nova etiqueta, em vigor desde 1 de Março. Nesta fase, apenas para quatro grupos de produtos – aparelhos de refrigeração, máquinas de lavar roupa e máquinas combinadas de lavar e secar roupa, máquinas de lavar louça e televisores e ecrãs eletrónicos, incluindo televisores, monitores e ecrãs digitais – e a partir de 1 de Setembro de 2021, alargada também às fontes de luz (lâmpadas).
Para garantir a boa implementação do novo regulamento e apoiar o mercado português na introdução da nova etiqueta energética, a ADENE- Agência para a Energia lançou o site www.novaetiquetaenergetica.pt disponibilizando informação para consumidores e profissionais.
Esta iniciativa enquadra-se no projeto europeu Label 2020, financiado pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, que envolve 16 países europeus e no qual a ADENE é a entidade parceira nacional.
Antes e depois – Descubra as diferenças
Para além da nova escala energética, de A a G, e comum a todos os produtos (mantém-se também a escala de cores, facilmente reconhecível e utilizável pelo consumidor), a nova etiqueta apresenta outras novidades, como um código QR que permite o acesso direto à base de dados de produtos da Comissão Europeia, EPREL, facilitando o acesso à informação sobre todos os produtos comercializados no Espaço Económico Europeu, e novos pictogramas que complementam a informação ao consumidor. Outra alteração subtil, mas importante, é a indicação do consumo de energia dos produtos (em kWh) apresentado com mais destaque na parte central da etiqueta.
Estes são os elementos comuns a todas as etiquetas, juntamente com a identificação da marca comercial ou nome do fornecedor, e consoante o grupo de produtos, acrescentam-se informações parcialmente novas (por exemplo: classe de emissão de ruído, consumo de energia no modo HDR etc.) e novos pictogramas.