“Portugal é uma das forças motrizes do Pacto Verde Europeu, tem uma população ávida e conhecedora de tecnologia e dispõe de todas as condições para estar na ‘pole position’ da transição energética, pois tem sol, vento e mar, que são os recursos naturais mais importantes para o desenvolvimento das energias verdes”, declarou o dirigente da CE, numa intervenção na Web Summit, elogiando o “empenho geral” da sociedade portuguesa.
Sublinhando o “encorajador” plano de recuperação de Portugal para a crise provocada pela pandemia de covid-19, Frans Timmermans salientou o contributo que Portugal pode dar no setor do hidrogénio, uma das apostas do plano do governo.
“Portugal, juntamente com Holanda e Alemanha, já tem uma experiência de alguns anos no hidrogénio, onde todos querem agora estar, e está muito interessado em avançar com os projetos do hidrogénio, sendo um ‘player’ destacado no desenvolvimento desta tecnologia”, frisou, deixando um alerta para o projeto: “É preciso concentrar em planos transfronteiriços para criar uma rede de energia europeia sustentável, neste caso com o hidrogénio”.
De acordo com o responsável do Pacto Verde Europeu, a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 veio confrontar as pessoas com a sua “vulnerabilidade coletiva” e reforçou a necessidade de combinar o atual desafio com a resposta à crise ambiental, num desafio de proporções inéditas para a solidariedade europeia.
“A ‘transição verde’ só vai funcionar se for também uma transição social. Se as pessoas pensarem que é algo apenas para ricos ou para jovens, não funciona. A tecnologia é algo complicada, mas deve tornar a vida das pessoas mais simples. Todos têm de fazer a sua parte e ninguém vai ficar para trás”, explicou.
Timmermans centrou a aposta europeia em três pilares: a renovação habitacional de milhões de edifícios nos estados-membros, a evolução para meios de transporte mais sustentáveis e uma reforma agrícola orientada para a digitalização e com integração de inovações tecnológicas.
A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, realiza-se este ano totalmente ‘online’ com “um público estimado de 100 mil” pessoas.
Para o cofundador do evento, o irlandês Paddy Cosgrave, o próximo grande desafio será trazer “100.000 pessoas a Lisboa”, o que só acontecerá “em 2022 ou 2023”.
Relativamente à polémica do pagamento de 11 milhões de euros (oito milhões pelo Governo e três milhões de euros pela câmara de Lisboa) por uma edição que é ‘online’, Paddy Cosgrave disse tratar-se de um assunto político, em que não se quer envolver. O CDS-PP enviou questões sobre o tema ao Governo e o vereador do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Lisboa também questionou o pagamento do contrato.
Após duas edições realizadas em Lisboa (2016 e 2017), a Web Summit e o Governo Português anunciaram, em outubro de 2018, uma parceria a dez anos que permite manter a conferência na capital Portuguesa até 2028.
A Web Summit 2020 começou hoje e decorre até sexta-feira.
JYGO // JMR