O ano de 2019 foi o mais quente na Rússia desde que há registo. E, contra o que é costume, não tem nevado na capital russa. Mas as autoridades municipais estavam a contar com um inverno branco para as comemorações da passagem de ano (de longe, a festa mais importante na Rússia, muito maior do que o Natal). A solução encontrada foi encomendar grandes quantidades de neve artificial para espalhar por algumas das principais zonas de Moscovo, como a Praça Vermelha e a avenida Tverskaya, entre outras ruas. O objetivo, diz um responsável da câmara municipal, Aleixei Nemeryuk, era ter uma quantidade suficiente de neve para “criar uma colina de snowboard a tempo das celebrações de Ano Novo”.
Dezembro, aliás, nunca foi tão quente em Moscovo como este ano. A 18 de dezembro, foi batido o recorde de temperatura máxima na cidade, com 5,6ºC. O anterior recorde era de 1886 – tinha 133 anos. Espera-se, no entanto, uma descida das temperaturas para amanhã e alguma neve.
Climatologistas russos têm associado estas temperaturas mais altas do que o habitual, no país, às alterações climáticas. Na região de Moscovo, por exemplo, as temperaturas médias terão subido cerca de quatro graus centígrados. Vladimir Putin, que há uns anos dizia que o aquecimento global iria ser bom para a Rússia, já admite agora que as consequências vão ser drásticas. “Temos cidades inteiras dentro do Círculo Polar Ártico, construídas em cima de permafrost. Se o permafrost começar a derreter, podemos imaginar quais serão consequências? Muito graves”, disse Putin a 19 de dezembro, durante a sua conferência anual sobre o estado da nação.
Mas o presidente da Rússia, tal como o dos EUA, continua a duvidar da influência do Homem nas mudanças do clima. “Calcular de que forma a humanidade moderna está a influenciar as alterações climáticas é muito difícil, se é que é possível de todo.”