Nas décadas de 1970 e 1980, cientistas da ExxonMobil levaram a cabo investigações que projetavam, de forma rigorosa, o impacto dos gases com efeito de estufa no aquecimento do planeta. A conclusão é de uma análise publicada na revista científica Science aos estudos patrocinados pela petrolífera entre 1977 e 2014. Foram revistas dezenas de documentos internos de cientistas e diretores pertencentes aos quadros da empresa e de estudos publicados em revistas científicas em que os autores ou coautores eram cientistas da ExxonMobil, entre 1977 e 2014.
Entre as previsões, podia ver-se, por exemplo, uma subida acentuada de temperatura a cada dez anos de 0,2º C (12 dos documentos encontrados continham informações sobre o aumento da temperatura). De acordo com os dados divulgados pelos autores do artigo da Science, foram encontrados 32 estudos realizados no âmbito do impacto ambiental nos arquivos públicos da ExxonMobil. Além disso, os cientistas realizaram modelos climáticos para inverter a emergência ambiental que se começava a desenhar.
No artigo, os investigadores escrevem que os cientistas da ExxonMobil “projetaram com precisão e modelaram com perícia o aquecimento global devido à queima de combustível fóssil; descartaram corretamente a possibilidade de uma próxima era glacial; previu com precisão quando o aquecimento global causado pelo homem seria detetado pela primeira vez; e estimou razoavelmente quanto CO2 levaria a um aquecimento perigoso. No entanto, enquanto cientistas académicos e governamentais trabalhavam para comunicar ao público o que sabiam, a ExxonMobil trabalhava para negá-lo.” A empresa gastou dezenas de milhões de dólares nas últimas décadas a patrocinar grupos que lançavam dúvidas sobre os efeitos do dióxido de carbono no aquecimento da atmosfera.
Depois de os estudos serem divulgados pela imprensa americana, a petrolífera sempre negou o conhecimento do teor destes estudos. Em 1999, Lee Raymond, diretor-executivo da empresa, defendia que as projeções climáticas eram baseadas em “modelos não comprovados, fruto de uma mera especulação”. E em 2013, Rex Tillerson, presidente-executivo, afirmou que os modelos climáticos propostos “não são competentes” e que há “incertezas acerca do impacto dos combustíveis fósseis”.
Pese embora as declarações dos responsáveis da empresa, estes documentos mostram que a Exxon sabia dos resultados dos estudos científicos e que os encobriram – conforme foi confirmado por Donald Wuebbles, um professor da Universidade de Illinois e antigo membro da equipa de cientistas da Exxon, que confirma: “É claro que a Exxon sabia o que estava a acontecer”.
Esta análise da Science deverá ser utilizada pelos vários grupos que têm processos judiciais a decorrer contra petrolíferas pelo seu impacto nas alterações climáticas e os esforços para o esconder.