A falência do SVB (Silicon Valley Bank), pouco conhecido, mas o 16º maior dos Estados Unidos, em ativos, mais de 200 mil milhões de dólares, tem três assassinos diretos, rigorosamente por esta ordem:
- A Reserva Federal, tal como o BCE, vive no início do século passado. Poderia ser deste, mas não é o caso. A inflação dispara – todos percebem a razão – e a única receita, estafada de velha, é aumentar os juros a galope, retirando dinheiro do mercado. O SBV, especializado em financiamento de tecnológicas, que requerem grandes investimentos, apanhou por tabela, e de uma forma direta. O dinheiro passou a custar tanto, num mercado tão volátil, que rebentou.
- O outro autor desta falência é um senhor conhecido, e grande inimigo do anterior: são os títulos de tesouro dos EUA, como de outros países, que quebraram, como sempre, com o aumento dos juros. A tendência, natural, é a liquidação dos títulos, para investimentos em depósitos bem remunerados. Este foi o segundo tiro para o SVB, no espaço de 36 horas. Vendeu uma poderosa carteira de títulos com menos valias de biliões de dólares.
- A morte súbita dá-se na sexta-feira. A corrida ao levantamento dos depósitos, por empresas, fundos e particulares, esvaiu o banco, que teve de ser encerrado pelo regulador da Califórnia. A partir de agora, todos os depósitos até 250 mil estarão garantidos. Os restantes ativos, avaliados nos tais 200 biliões, já perderam esse valor, e serão vendidos por tostões.
Foi um fim de semana alucinante na Califórnia, e em alguns países europeus, como a Grã-Bretanha, mas a Administração americana recusou um resgate, mesmo consciente de que outros pequenos bancos poderão afundar, de repente, se existir uma corrida aos depósitos. O SVB não é um banco sistémico, mas cinco ou dez da mesma grandeza, ou menores, transformarão tudo isto numa crise financeira mundial, em tempo de guerra, de inflação, de escassez de produtos, e de matérias-primas. O senhor Powell, da FED, já abriu a boca? Ou finge que está morto. Que é feito da senhora Lagarde? Está por cá?
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