A ministra da Defesa, Helena Carreiras, recusou-se a revelar quantos tanques Leopard 2 tem Portugal. Por razões de segurança, disse. O inimigo não pode saber, deduzimos. Percebemos a inquietação da ministra: no inventário estão 37 tanques, mas só 12, ou menos, estarão operacionais, dizem as más-línguas, expondo o segredo de Estado.
Se são só 12, afinal, então oferecer 4 à Ucrânia causará um rombo severo na prontidão e capacidade militar nacional. Compreende-se a razão porque o Ministério da Defesa não fala do nosso poderoso arsenal: por razões de insegurança, claro. E mesmo os 4 sugeridos, ou prometidos, poderão levantar grandes dúvidas quanto à sua operacionalidade.
Para além da Ucrânia, que precisa urgentemente desses tanques de última geração, dos melhores do mundo, também Portugal está necessitado, e ninguém apareceu, ainda, para dar, enviar ou emprestar. Ter 25 Leopard inoperacionais é um desastre nacional: não andam, não manobram, não treinam, não têm peças. Presume-se, porque é secreto.
A Ucrânia tem de refazer as contas: dos 321 que esperava, receberá apenas 317. Boa decisão do nosso Governo: se falhar algum dos 12, que ainda funcionam, então os 4 não poderão ser despachados. A menos, claro, que se inicie o processo de canibalização de metade da armada blindada, para reparar a outra. E se é para desmontar, catalogar e armazenar, então melhor seria informar os ucranianos, e os aliados, que o nosso negócio é dar e vender os Leopard, mas à peça. Uns motores aqui, umas lagartas ali. Temos de decidir. A guerra não espera.
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