Um Papa franciscano certamente que se indignará com a proeza nacional de rebentar com mais de 5 milhões de euros, fora tudo o resto, só para o palco da missa e das celebrações das Jornadas Mundiais da Juventude. Portugal não é o Dubai, e que fosse, não se podia dar à extravagância chocante que representou o Mundial de Futebol.
Tal é a confusão, agora, que ninguém consegue perceber quantos milhões vai custar ao Estado e autarquias essa jornada espiritual, que deveria ter acontecido em 2019. Tempo não faltou para se fazer um plano moderado, barato e funcional, que a Igreja e o Vaticano aprovariam sem nenhuma resistência.
O Papa não pode, da praça de S. Pedro, reclamar contra a falta de ajuda aos pobres, necessitados e esquecidos, e depois aparecer num palco megalómano, debaixo de uma pala que custou 2 milhões de euros, sentindo-se sereno e agradecido. Quem pensou nessa estrutura, e na sua impactante grandeza, esqueceu-se de quem a ia usar, e qual era a finalidade.
Milhares de jovens virão a Portugal, mas serão eles os primeiros a protestar contra esse excesso. E até nisso seria bom colocar a fasquia das contrapartidas no sítio certo: são jovens, com pouca capacidade financeira própria, e que se juntarão para rezar, conviver e celebrar a sua fé, e sua confiança numa Igreja que não deve ser pomposa, nem luxuosa. Quem vem à Jornada Mundial não é um grupo de meninos ricalhaços, que quer assistir, de camarote e palco, a um Grande Prémio de Fórmula 1. Este é o momento de se corrigir este palco grande demais.
MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.