Ó Eça, o que nos dizes, 130 anos depois de “Os Maias”?
Vamos trocar umas ideias sobre o assunto do génio? Em Portugal, esse panteão foi cedo ocupado por Eça de Queirós, mestre da ironia que vergastou as elites bem-pensantes e cujas máximas ganharam eternidade de pedra. Que atire uma pedra quem nunca se exibiu com um “isto é uma choldra”. Os Maias, o “romance-monumento” em que ele pôs “tudo o que tinha no saco”, cumpre 130 anos, o escritor vai ser celebrado com uma exposição inédita na Fundação Gulbenkian, e há ainda uma nova reedição d’As Farpas sem Ramalho Ortigão na equação. Tudo bons pretextos para revisitar o seu universo, conhecer nove momentos da sua vida, e ver se Eça ainda espelha o Portugal contemporâneo. É que olhando para as manchetes de jornais, não faltariam histórias tragicómicas nem personagens caricatas para alimentar a vaste machine, defendem Isabel Pires de Lima e Maria Filomena Mónica. E Afonso Reis Cabral, trineto de Eça, vencedor do Prémio Leya 2014 com o livro O Meu Irmão, escreve uma imperdível Carta ao aluno que não lê “Os Maias”.
O guru mundial que postula 12 novos mandamentos de vida
Num velhinho tema do cancioneiro norte-americano, Nat King Cole cantarolava: “Straighten up and fly right…” Não é muito diferente de “Levante a cabeça e endireite as costas”, uma das 12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos, best-seller de Jordan B. Peterson, génio mediático que arrasta multidões. Pensador que aposta na subversão das regras politicamente corretas, lançou achas para a fogueira intelectual, em conversa com Clara Soares: “Uma das razões pelas quais discordo das feministas coletivistas é por acharem que a sociedade é uma tirania patriarcal. Pois é, mas só numa pequena parte. Estamos bem melhor do que no passado, e muitos locais do mundo estão a prosperar.”
Aquilo que Stephen Hawking quer que pensemos
E genialidade é um rótulo obrigatório para o físico teórico Stephen Hawking, investigador de temas fascinantes como os buracos negros e a natureza do espaço e do tempo, e o mais famoso paciente da doença degenerativa esclerose lateral amiotrófica. Falecido em março passado, ele usou os seus últimos dias para escrever Breves Respostas às Grandes Perguntas (por cá lançado pela Editorial Planeta), resumo de descobertas e reflexões recentes. Sara Sá conversou com a filha, Lucy Hawking, sobre a vida em família, o legado científico, e as crenças do pai, como esta: “O senso comum é uma outra forma de preconceito. Impede-nos de fazer perguntas.” E, nas páginas desta mesma edição, pré-publicamos um capítulo deste livro póstumo dedicado a um tema urgente: Ficará a inteligência artificial mais inteligente do que nós?”
Jornalismo sem medo
E em tempo de fake news e de passes de imprensa confiscados na Casa Branca, recordamos a italiana Oriana Fallaci, genial entrevistadora, que fez história ao confrontar os todo-poderosos da História Contemporânea. Rosa Ruela investigou a vida desta femme petite, que se preparava obsessivamente para as suas entrevistas, encarando-as como “dramas”. Ao coronel Muammar Kadhafi, atirou sem rodeios: “Sabe que é pouco amado?” Inspirador.
Mais um caso de corrupção em investigação
Do poder global para o poder local, Sílvia Caneco escreve sobre um “polvo” laranja: o deputado do PSD Sérgio Azevedo terá enviado emails a empresários com instruções sobre como poderiam assinar contratos com a Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa. Um alegado esquema de desvio de dinheiros públicos e tráfico de influência que, desconfia o Ministério Público, foi replicado noutros órgãos autárquicos. Carlos Reis é, avança a VISÃO, outra das figuras do partido liderado por Rui Rio que está a ser investigada, no processo Tutti Frutti, por as suas empresas terem sido contratadas através de ajuste direto por várias autarquias e juntas de freguesia, em que se incluem, por exemplo, a da Estrela. Que diria Eça disto?
António Zambujo tem um novo disco fora da sua zona de conforto
Genial intérprete e compositor de canções que enchem coliseus, eis o que poderíamos dizer, na ponta da língua, sobre António Zambujo. Mas há muito mais para saber sobre o músico, no autorretrato publicado nas nossas páginas, um A a Z ouvido por Miguel Judas e fotografado por José Carlos Carvalho. Façamos pontaria: “Z de Zambas. Alcunha que a malta do Porto me deu, ainda na altura do musical Amália e pegou.”
Segunda vida
Na VISÃO Se7e desta semana traçamos um roteiro com as melhores lojas de artigos em segunda mão, em Lisboa e no Porto – dos discos ao mobiliário, passando, claro, pela roupa e acessórios. Como a Pop-Closet, no Chiado, onde as coleções seguem a estação e as tendências da moda.
O que dizem os nossos cronistas
“Se estrangular a pessoa amada, por oposição a estrangular um desconhecido que não se ama, tem redução de pena, roubar o nosso grande amor também devia beneficiar da mesma espécie de amnistia”, advoga Ricardo Araújo Pereira
“– Mate-me mas primeiro sente-se ao meu colo um bocadinho e sentou-se de pistola na mão, e depois abraçou-me, e depois desatou a chorar porque a vida não é verdade, porque a vida senhor doutor, porque a vida, porque a vida, porque a vida, o enfermeiro pegou na pistola,
– Isto tem mesmo balas sabia?
comigo cheínho de vontade de chorar por ele também”, conta António Lobo Antunes
“A História, estou disso certo, julgará cruelmente Cameron, mas não será mais branda com Boris Johnson e todos os seus compagnons de route. Ao pé de tão irresponsáveis personagens, May é apenas uma figura trágica, de uma dignidade surpreendente, obrigada a negociar uma solução impossível e que nunca defendeu”, lança Pedro Norton
Temos novo festival
E ainda um lembrete para leitores grandes e pequenos: é já no próximo dia 1 de dezembro que acontece a 1ª edição do VISÃO Júnior Fest. O Templo da Poesia, no Parque dos Poetas, em Oeiras recebe atividades, conversas, leituras, toda uma programação vasta – dê já uma espreitadela em www.visao.junior.pt