Em 2021/22 em muitos casos de estudo realizados pelo ISCTE EE no Mestrado Executivo de Gestão de Projeto, não faltavam membros de equipas, líderes e gestores que demostravam e aclamavam as enormes e infindáveis vantagens do modo de trabalho remoto em ambientes de projetos, nomeadamente projetos geridos de forma ágil.
Enquanto vantagens aponta-se a contratação de talentos dispersos geograficamente, o que significa reunir equipas com diversos conjuntos de competências e experiências, podendo ainda levar a uma resolução de problemas mais criativa e eficaz. Foi ainda referido que o trabalho à distância permite aos membros da equipa trabalhar a partir de qualquer local, oferecendo maior flexibilidade em termos de equilíbrio work-life balance. Não foi esquecido o aumento da produtividade, membros de equipas à distância relatam frequentemente níveis de produtividade mais elevados devido a menos distrações e interrupções. Cereja em cima do bolo, a redução dos custos gerais, as empresas podem reduzir os custos gerais associados à manutenção de um escritório físico, tais como aluguer, serviços públicos e equipamento e ainda uma redução do impacto ambiental, podendo assim reduzir a pegada de carbono de uma empresa e contribuir para um futuro mais sustentável.
Mas no meio de tantas vantagens e passados cerca de 12 meses após alguns inquéritos com resultados menos satisfatórios no que toca ao desempenho de projetos geridos de forma ágil e remotamente, podemos perguntar o que se está a passar. Os resultados mostram que o trabalho remoto quando não é rigorosamente implementado fragiliza as bases do Agile.
Alguns dos relatos mostram que “ afinal …o trabalho à distância pode tornar mais difícil comunicar, colaborar e assegurar que todos estão na mesma página…. A colaboração dos colegas torna-se mais difícil quando os membros da equipa trabalham remotamente e em fusos horários diferentes e não sentem as mesmas “dores”…. quando nem todos tem acesso à mesma informação e é preciso esperar acessos… as reuniões frequentes e ciclos de feedback para manter a dinâmica não correm bem porque as pessoas não ligam a câmara ou dizem que estão a fazer um trabalho para outra pessoa da empresa…”
Perante este paradigma não podemos dizer que o Agile e o Remote não podem casar, pelo contrário. Mas há que superar estes desafios estabelecendo definindo processos claros de trabalho, criar e disponibilizar as mesmas ferramentas para todas, que serão sempre o maior “bode expiatório” e ainda garantir formação recorrente não só técnica mas de trabalho em equipa, hoje em dia crucial. Adicionando canais de comunicação claros, reuniões diárias de stand-up, revisões de sprint, reuniões de retrospetiva e ainda trabalhar durante o dia na mesma sala virtual por exemplo, garantindo que a equipa está focada e não dispersa em múltiplos projetos e tarefas da empresa pode evidenciar todas as grandes vantagens do modo de trabalho remoto em ambientes de projetos, nomeadamente projetos geridos de forma ágil e que realmente existem.