Depois da gigante destruição de 20 milhões de empregos nos EUA em abril, os economistas avisaram que em maio os números do mercado de trabalho iriam continuar a refletir os estragos causados pelo Grande Confinamento. Mas, surpresa das surpresas, a maior economia do mundo já está a criar postos de trabalho, apesar de todos os indicadores apontarem para uma subida do número de empregos destruídos.
Os economistas esperavam que em maio os EUA perdessem cerca de sete milhões de postos de trabalho. Mas foram criados, em termos líquidos, cerca de 2,5 milhões de empregos, segundo dados divulgados esta sexta-feira. “É uma das maiores, se não mesmo a maior, surpresa da história na divulgação de dados económicos”, afirmou James Knightley. O economista do ING confessou que “caiu da cadeira” quando viu os números. “Isto está muito distante do que todos esperavam. É simplesmente espantoso dado o ritmo lento da reabertura e o facto de mais de 12 milhões de pessoas terem requerido subsídio de desemprego nesse período”, refere o especialista, numa nota a investidores.
Os analistas afirmam que estes dados indiciam que a economia dos EUA está a regenerar-se bem mais rápido que o esperado. Mas sublinham que, apesar da surpresa positiva, ainda irá demorar a sarar as feridas abertas durante o Grande Confinamento. “A recuperação mais rápida que o esperado do emprego vai criar esperança de que o vírus não deixará as cicatrizes duradouras que as recessões costumam deixar no mercado de trabalho”, observa Michael Pearce.
Mas o economista da Capital Economics ressalva que “a necessidade de se continuar com o distanciamento social no futuro sugere que existirão danos permanentes em alguns setores e a taxa de desemprego deverá continuar elevada por vários anos”.
Em maio, os setores que mais postos de trabalho criaram até foram os que mais sofreram com o confinamento. Mas estão ainda bastante longe de regressarem aos valores pré-crise. “Os dados indicam que a reabertura levou a um recomeço imediato nas contratações, apesar de pelo menos uma parte da subida dos postos de trabalho se dever ao programa de proteção de emprego, que requer que as empresas voltem a contratar trabalhadores se quiserem converter os seus empréstimos em garantias”, explica Michael Pearce.
Apesar dos dados positivos, a taxa de desemprego nos EUA continua em valores historicamente elevados. Fechou maio nos 13,3%. No final de 2019 situava-se em 3,5% e em abril tinha disparado para 14,7%.