Os investimentos que ao longo dos últimos anos foram semeados por muitos empresários do setor da Agricultura e Pescas têm dados resultados. No caso das PME Líder nesta área de atividade a tendência tem sido de subida dos resultados líquidos e melhoria do volume de negócios. As empresas com este selo têm também melhorado a sua solidez financeira nos últimos anos.
“As PME Líder da Agricultura mantiveram em 2018 em relação à referência das empresas não financeiras do setor, uma maior produtividade, uma menor rendibilidade económica, mas com uma maior rendibilidade financeira e um menor risco financeiro (maior autonomia financeira, menor peso de endividamento remunerado e menor absorção do resultado económico por juros) ”, segundo a análise realizada pela Iberinform aos dados financeiros relativos ao exercício de 2018, que serviram de base à mais recente lista de PME Líder.
Apesar do volume de negócios ter tido uma subida modesta em 2018 relativamente ao ano anterior, a tendência tem sido de subidas sustentadas. As 184 PME Líder deste setor de atividade faturaram 772,8 milhões de euro no ano em que existem dados mais recentes, um aumento de 0,4% face a 2017. Essa estagnação ocorre após anos de forte crescimento.
No entanto, mesmo com uma estagnação no volume de negócios, as PME Líder da Agricultura e Pescas conseguiram melhorar o seu resultado líquido. Houve um aumento de 10,8% para 88,3 milhões de euros, um indício de que podem estar a tornar-se mais eficientes. Além disso, os custos de financiamento têm baixado. Essa despesa baixou de 6 milhões em 2017 para cerca de 4,5 milhões de euros no universo das PME Líder desta área de atividade.
As PME Líder têm reforçado a sua eficiência. Num setor que tem feito nos últimos anos uma forte aposta para se modernizar, a produtividade das empresas de agricultura e pescas que integram o grupo das líderes tem-se destacado. Atingiu 2,38 euros por cada euro de Valor dos Empregados, o que contrasta com os 1,78 euros das outras sociedades do mesmo setor.
A autonomia financeira também tem evoluído. Apesar de o setor estar, como um todo, com tendência estável neste indicador de solidez, o grupo das PME Líder apresenta uma tendência mais forte. Teve uma subida significativa em 2018, de 46,9% para 61,1%, o que indica que estão menos dependentes de dívida para poderem investir e com balanços mais sólidos.
Vetor estratégico para a retoma
O setor da agricultura e pescas tem mostrado dinamismo nos últimos anos. Só em 2018 nasceram 1.105 novas sociedades dedicadas à agricultura e/ou pescas, ultrapassando largamente as 740 empresas que desapareceram. E tem sido assim nos últimos anos, um sinal da vitalidade que o setor tem demonstrado.
Mas a crise pandémica colocou este dinamismo num pousio forçado. Nos primeiros sete meses deste ano houve uma descida de 22,5% no número de novas empresas criadas na agricultura e pescas, segundo dados da Iberinform. Tal como praticamente todos os setores, também esta área de atividade tem passado por dificuldades devido aos efeitos do choque económico provocado pela Covid-19.
No entanto, poderá ser um dos setores mais importantes para a recuperação. A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, disse recentemente no Parlamento que esta crise deixou bem patente “o valor estratégico da agricultura”. Com as cadeias de abastecimento globais a colapsarem por causa da pandemia, a Comissão Europeia promete investimentos fortes no setor agrícola na próxima década, não só para assegurar uma menor dependência de importações de fora da UE mas também para financiar a “transição ecológica”.
Também para Portugal, “a agricultura é um vetor essencial do Plano de Recuperação”. Esta afirmação consta no documento da Visão Estratégica para a recuperação da economia na próxima década, delineado por António Costa Silva. Entre as prioridades para desenvolver o setor estão a agricultura ecológica e local, uma combinação deste tipo de agricultura com explorações industriais, encontrar sinergias entre agroindústria e o turismo, atrair jovens agricultores para o interior, investimento em inovação e combate às alterações climáticas.