Seria difícil a propriedade de José Bento dos Santos não apresentar alguns dos melhores vinhos que se produzem em território nacional, dado o seu currículo e experiência no panorama gastronómico e vitivinícola nacional e internacional. Há vários anos que os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro se destacam na região de Lisboa, não apenas pela sua elevada qualidade e produção limitada, mas, e talvez acima de tudo, pela sua presença discreta, mas constante no mercado.
Com 29 hectares de vinha, é daquela propriedade em Alenquer que sai, por exemplo, um dos mais interessantes Rosé que experimentámos este ano – lá iremos um dia destes –, mas também equilibradíssimos vinhos tintos, como é o caso deste monocasta de Touriga-Nacional 2019.
Depois de ter reconvertido toda a vinha para modo biológico, e com a ajuda do clima muito particular da região de Alenquer, os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro, que contam com a enologia de Graça Gonçalves (desde 2005) e apoio técnico Grégory Viennois, têm tido, consistentemente, qualidade acime da média e um perfeito equilíbrio, sendo bons cartões de visita do País e sobretudo de uma região vitivinícola para a qual muitos olham ainda com dúvida e até desdém.
Com 12,5% de álcool, este Touriga-Nacional de cor rubi bastante intensa faz-nos chegar aromas suaves de frutos secos e ameixa ao nariz, e com algumas notas vegetais que nos fazem adivinhar alguma jovialidade – e denunciando o clima Atlântico que cerca as vinhas –, mesmo depois de um estágio de 16 a 18 meses em barricas de carvalho francês. O facto de 70% destas serem usadas permite-lhe ganhar estrutura sem perder elegância.
Com uma boa acidez e um final médio, é um vinho seguro para levar para o próximo jantar de amigos, ou para acompanhar os pratos de conforto que o tempo frio começa a pedir às nossas mesas.
Com um preço médio a rondar os €23, é uma daquelas escolhas em que o custo-benefício é muito interessante para quem aprecia um bom vinho tinto nacional.