A TAP anunciou esta quinta-feira, 8 de julho, que deu início ao despedimento coletivo de 124 trabalhadores, no âmbito do processo de reestruturação da companhia. Em causa estão os colaboradores que ficaram de fora ou não aderiram às medidas voluntárias de desvinculação da empresa postas em prática nos últimos meses.
Segundo um comunicado da TAP, divulgado esta manhã, o número fica 94% abaixo das saídas inicialmente estimadas através deste processo (cerca de duas mil) no processo de reestruturação, entretanto abrangidas por acordos temporários de emergência com os sindicatos, que aderiram a rescisões por mútuo acordo ou se candidataram a vagas noutra empresa do grupo, a Portugália.
Uma mensagem enviada pela administração aos trabalhadores, citada pela Lusa, especificou entretanto que o despedimento coletivo abrange 38 trabalhadores da manutenção e engenharia, 35 pilotos, 28 tripulantes de cabina e 23 funcionários da sede.
No comunicado, Christine Ourmières-Widener (a nova CEO da TAP eleita a 29 de junho) diz que a empresa procurou “gerir o processo com dignidade e respeito pelas pessoas” e lamenta “todos os cortes de postos de trabalho causados pela pandemia”, sustentando que a implementação do plano de reestruturação determinará a “sobrevivência e recuperação sustentável” da companhia.
Afetada também pela grave crise no setor provocada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, a TAP aguarda pela aprovação do seu plano de reestruturação em Bruxelas, onde se previa a redução de pessoal em curso, além da diminuição da massa salarial do grupo (conseguidos através de acordos de emergência com os sindicatos) e da frota de aeronaves (redução líquida de nove aviões em 2020, e nova redução de três aparelhos no primeiro trimestre de 2021, para um total de 93). Até abril, já tinha perdido cerca de 2.400 trabalhadores, entre contratos a prazo não renovados e saídas voluntárias (como fim de contrato por mútuo acordo, reforma e pré-reforma).
Há um mês, contabilizavam-se em 206 os colaboradores (entre pilotos, tripulantes de cabina, trabalhadores da TAP M&E e trabalhadores da sede) que tinham recusado rescindir contrato e deixavam então de estar em lay-off. Era sobre este universo, superior ao número de 124 colaboradores agora conhecido, que recaía a possibilidade de despedimento coletivo.
Até 2024, espera-se que a TAP, onde já foram injetados 1.662 milhões de euros em duas tranches (1.200 milhões mais um aumento de capital de 462 milhões de euros), receba entre 3.414 milhões de euros e 3.725 milhões de euros em ajudas públicas ao abrigo do plano de reestruturação. A injeção de 1.200 milhões de euros foi questionada pela Ryanair junto Tribunal Geral da União Europeia, que anulou a medida para a seguir suspender essa mesma anulação, pedindo nova decisão fundamentada a Bruxelas.
Depois de prejuízos de 1.230,3 milhões de euros em 2020, a empresa teve novo resultado líquido negativo de 365,1 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano.