António Guerreiro foi capa da EXAME quando muita coisa estava a começar na sua vida de banqueiro, mas também em Portugal. “A entrevista foi feita aqui [na sede do Finantia, em Lisboa] e coincidiu, mais ou menos, com a transformação do Finantia, de sociedade de investimento para banco. A autorização do Banco de Portugal deu-se em 1992”, recorda. Vivia-se um momento positivo, em geral, de plena integração de Portugal na União Europeia, de lançamento de um vasto programa de privatizações, pelo governo de
Cavaco Silva, e de desenvolvimento do mercado acionista e financeiro, com a abertura a investidores estrangeiros. “Este ambiente proporcionava o crescimento da atividade de banca de investimento em várias direções. Tivemos as condições para fundar um banco de investimento e desenvolver uma estratégia de crescimento, aproveitando as oportunidades existentes na década de 90”, adianta António Guerreiro, que desde 2015 não tem funções executivas no “seu” banco.
Era o tempo de sacudir a crise dos anos 80, existia muito negócio a fervilhar e as pessoas estavam dispostas a assumir riscos. Assim nasceu o Banco Finantia, especializado em fusões e aquisições, project-finance, privatizações, entre outras operações do mercado de capitais. Primeiro em Portugal e depois fora de portas, como no Brasil, um país muito importante no crescimento da instituição, numa fase de crescente interação com Portugal.
Passados 26 anos, António Guerreiro diz que “teria feito exatamente o mesmo. Havia espaço e necessidade de uma instituição com as características do Finantia. Fez sentido e continua a fazer sentido”, diz, orgulhoso pelo facto de a instituição que fundou ter tido sempre lucro e não ter precisado da ajuda do Estado, durante a recente crise. “Hoje, somos uma instituição mais madura e resiliente”, garante.
Atualmente, além de acionista, António Guerreiro preside ao conselho estratégico do Finantia, tendo entregado a gestão do dia a dia aos mais novos, o seu filho David Guerreiro e Ricardo Caldeira. São dois os administradores-executivos e, em breve, existirá um terceiro. Não é um modelo de governance comum em Portugal, mas o banqueiro garante que tem funcionado e que permite uma maior descentralização do poder. O Finantia emprega 280 pessoas, entre Portugal e o estrangeiro. Quando nasceu, há 26 anos, eram umas 60.