A multinacional alemã Bosch vai contratar este ano “entre 300 e 350” novos colaboradores em Portugal, sobretudo para as áreas relacionadas com investigação e desenvolvimento, onde entrarão 250 engenheiros.
Depois das acentuadas contratações dos últimos anos (em 2018 criaram-se 850 novos empregos, 130 dos quais engenheiros) terem preenchido as novas posições necessárias na estrutura, o ritmo de recrutamento nos próximos anos “vai ser muito mais moderado,” afirma o representante do grupo Bosch em Portugal, Carlos Ribas.
No total, a companhia tem mais de 5 300 colaboradores em Portugal, distribuídos pelas instalações de Braga (onde estão as soluções de mobilidade, como a Bosch Car Multimedia, e se concentra a maioria dos funcionários), Ovar (sistemas de videovigilância e comunicação), Aveiro (central de soluções de água quente) e Lisboa (serviços administrativos e partilhados).
“Portugal está mais bem preparado para suportar uma crise”
Apesar do crescimento de 13% do negócio em Portugal, as vendas a nível global subiram apenas 2,2%. Além do abrandamento do mercado automóvel, a ensombrar a atividade global continuam fatores como a incerteza face ao Brexit, a emergência de forças populistas no Leste da Europa e a guerra comercial entre os EUA e a China, mercado onde a Bosch realiza mais de 15% das suas vendas a nível mundial na China.
Fatores que “não estão a criar um impacto bastante mau, conseguimos sobreviver. Mas correria melhor se estes problemas não existissem,” nota o responsável. A empresa teve um primeiro trimestre global “flat” mas espera que 2019 seja ainda assim um ano de crescimentos, a rondar os 2% a 3%.
Por cá, onde a Bosch cumpriu o terceiro recorde de vendas, o responsável estima que a economia portuguesa e a própria atividade da Bosch no País estejam menos vulneráveis a sobressaltos: “Uma crise em Portugal não terá o mesmo impacto que teve a última. Portugal diversificou produtos, está mais bem preparado para suportar uma crise,” considera.
Bosch promete neutralidade ambiental em 2020
No ano que vem, a Bosch quer ser a primeira empresa do mundo a atingir a neutralidade na emissão de dióxido de carbono (CO2), um objetivo que passa por comprar eletricidade proveniente apenas de fontes renováveis, melhorar o desempenho energético da empresa e tornar as suas mais de 400 fábricas mais eficientes, além de programas de compensação de carbono.
Até 2030 – momento até ao qual serão descontinuados os programas de compensação – serão investidos €2 000 milhões nesses programas e na compra de eletricidade ‘verde’ e no aumento da eficiência energética interna. Serão €1 000 milhões em termos líquidos, já que o total aplicado resultará em poupanças e retorno de outros €1 000 milhões. “A mudança climática está a provocar uma mudança social a nível mundial,” sintetizou Javier González, presidente do grupo Bosch em Espanha, no mesmo encontro com jornalistas.
A nível internacional os projetos de eficiência das instalações incluem, por exemplo, recuperação de calor, automação, gestão de máquinas, renovação de instalações, recolha e armazenamento de água das chuvas, geração de energia pela queima de biomassa e instalação de painéis solares. Em Portugal, a empresa está a negociar a instalação na unidade de Braga de 40 mil metros quadrados destes painéis e em Ovar foi feito investimento em iluminação mais eficiente.